Second Life: A nossa vida Pimba

laggos_274194041367.jpgTentei perceber o fenómeno do Second Life mas das duas vezes cheguei à conclusão que o Second Life não passa de uma grande festa Pimba onde ninguém percebe o ridículo do que está a fazer. Por duas vezes instalei o software e fui ver o que se atraia tantos utilizadores, empresas e imprensa:

Da primeira vez lá fui seguindo o tutorial para perceber como é que a coisa funcionava. Fui modificando o meu avatar para ficar mais parecido com a projecção mental daquilo que sou e fui completando os passos (seriam 12 como nos AA?) do tutorial. De vez em quando via para lá uns tipos a tentar fazer o mesmo que eu… mas sem haver interacção nenhuma… Pensei, estes tipos estão a acabar o tutorial e não estão para meter conversa. Depois a sério será melhor.

A verdade é que depois a sério, o Second Life revelou-se uma penosa experiência de paciência e tédio. Primeiro, por muita banda larga que se tenha, o mundo virtual é lento a carregar. Fica-se sempre com a sensação de que se dermos mais que 3 passos numa direcção ficaremos 30 segundos parados à espera que o cenário apareça. Segundo, onde estão os eventos, as multidões?

É sabido que tal como está, cada zona do SL não pode ter mais de 60 utilizadores em simultâneo, ou seja… as multidões serão no máximo um ajuntamento. Resultado, andamos todos muito dispersos… mas mesmo assim é difícil encontra um café cheio.

Depois de andar a vaguear pelo mapa à procura de uma zona onde existissem (alguns) utilizadores lá fui, tele-transporte para lá, pensando eu que a experiência iria finalmente começar. Tentei meter conversa com uns avatares, que literalmente se limitam quando muito a responder com um “hi”, e a pisgar-se. Aliás, o desatar a correr parece ser moda no Second Life. Será que estão a fugir dos cenários?

A outra forma de interacção neste mundo parece ser o clicar em coisas… para as comprar. Ora para as comprar é preciso ter dinheiro e para ter dinheiro é preciso gastar dinheiro (do real). Isto leva-me a pensar como é possível alguém gastar dinheiro com o SL, porque não vi nada que apetecesse comprar (não tenho assim um amor tão grande pelo meu avatar) e acho este conceito de comprar tudo o que se clica ou tudo o que nos tentam vender revela um falta de estima brutal.

Desliguei e não voltei a pensar no SL. Para mim era lixo e não servia para nada.

A minha segunda experiência acho que durou ainda menos tempo que a primeira. Ao ler uma revista portuguesa de informática vi que falavam do SL novamente. Argh… Este lixo. Mas, deixa lá ver se encontro alguma coisa portuguesa por aqui… fui procurar o meu antigo login, instalei novamente o software e voltei ao SL… Procurar algo português no SL é como procurar uma agulha num palheiro, mas finalmente lá consegui encontrar uma zona onde se falava português. Novamente as corridinhas a fugir sabe-se lá para onde e lojas… apenas lojas… lojas virtuais para comprar tudo e mais alguma coisa, calças, botas, tatuagens, tudo era clicável e comprável. O único avatar que parecia disposto a meter conversa era o dono da loja, que dizia repetidamente: “Avisa os teus amigos para virem para aqui! A loja XPTO é muito fixe.” O resto dos utilizadores que estavam pelas redondezas deviam estar com o mesmo ar de incrédulos que eu e não queriam minimamente acreditar no tempo que estavam a perder com ao Second Life. Desliguei e não volta a haver terceira vez.

A verdade é que o Second Life enche as página da imprensa, a quem a experiência é mostrada com um salto da tecnologia da realidade virtual. Acontece que provavelmente essa mesma imprensa não deve passar pela experimentação real do que é o Second Life, porque o Second Life é mesmo NO LIFE AT ALL. Não tem nada de interessante para fazer, para conversar ou assistir. Limita-se a ser um repositório de bugigangas para vender lá colocados por pessoas que perseguem e chateiam os restantes utilizadores incentivando-os ao consumo pelo consumo. Comprar lixo. Como diriam os nosso amigos Brasileiros “O Second Life parece uma festa brega levada a sério”. Sou tentado a concordar com eles.

Ver também: Second Life é um banco de teste
Sexo no Second Life