Quando chega a altura de ir de férias sempre penso: “Que máquina fotográfica vou levar? Que lentes? Filme ou Digital?”. Normalmente acontece acabar a carregar 15kg de equipamento até ao carro e depois deixar tudo isso no local onde fico a gozar uns dias de descanso. Este ano vai ser diferente (onde é que já ouvi isto?).
Assim, ao olhar para as minhas opções decidi que só levo uma máquina e uma lente de férias. A velhinha, mas ainda muito útil, D80 e uma 28mm. Sim. A 28mm f2.8 que me dá a visão mais natural numa máquina de formato DX. A distância focal natural é dada pela diagonal do sensor, filme, em mm. no 35mm corresponde a uma lente de 43mm e no DX corresponde exactamente a uma lente de 28mm.
Alguns juram pela sua qualidade, outros pela forma como as lentes desenham a realidade, alguns batem pé pelo número de grandes fotógrafos que as utilizaram (como se a fotografia tivesse mais a depender do equipamento do que dos próprios artistas), alguns amam-nas apenas pela exclusividade.
E alguns destes exemplares Leica valem fortunas. Esta foi arrematada em leilão por €1.3M… Uma verdadeira loucura que um coleccionador asiático decidiu pagar por este belo pisa papeis.
The NYT has an interesting piece about the the end of the Point&Shoot cameras because of smartphones. Although smartphones cameras aren’t yet at the quality level of the Point ans Shoot cameras available in the market, I do think that smartphones will displace a lot of costumers. But this doesn’t mean that the P&S is dead. What we are witnessing is that High Quality P&S are displacing entry level DSLRs. I find myself for example going grabbing more time a P&S to go for a stroll than my DSLR. The reason is convenience. The little quality one gives up with the P&S is compensated with the portability factor. Although DSLR take great pictures (with great lenses) they are bulky and difficult to put in a daily pouch. P&S will do just fine. Where they will disappear is probably in the lower spectrum of P&Sland… where they offer less quality and where the quality of the smartphone cameras comes on par with them.
A Nikon D5000 é uma máquina DSLR da gama de entrada da Nikon. É barata, mas mesmo assim é capaz de excelentes resultados. Sendo da gama de entrada tem no entanto um problema: a falta de motor de AF no corpo que as irmãs mais velhas possuem. Assim, quando se trata de escolher um kit de lentes para a Nikon D5000 os utilizadores estão normalmente mais limitados. Atendendo ao panorama actual eis as minhas sugestões de lentes atendendo a que o utilizador de uma D5000 não quer estourar com o cartão de crédito.
Lentes para Nikon DX
Sigma AF 10–20 f4-5.6 DC HSM EX – É a única lente não Nikon que recomendo. É daquelas lentes que ou se gosta ou se detesta. Uso-a principalmente por causa dos 10mm onde até há pouco não havia alternativas. A versão da Nikon é demasiado cara para quem quer fazer um conjunto equilibrado.
AF-S DX Nikkor 35mm f/1.8G – Apesar de preferir a 35mm f2.0D (que precisa de motor no corpo) esta f1.8 acabar por ser uma excelente solução (para além de acessível financeiramente) para as situações de pouca luz, algo que é imprescindível na bolsa de qualquer fotógrafo e muito útil na Nikon D5000
AF-S VR Zoom-Nikkor 70-300 f/4.5-5.6G IF-ED – Há o Zoom mais barato 55-200, mas este 70-300 é mais versátil por causa da zona tele. Para além do mais é leve o suficiente para ser transportada sempre connosco. Não chega aos calcanhares de um 80-200f2.8 ou 70-210f2.8 mas estas lentes também custam 3x mais.
E a fotografia macro?
Não inclui aqui nenhuma lente macro porque normalmente é uma área de especialidade, mas se realmente procura uma lente para fotografia macro então a nova AF-S DX Micro NIKKOR 85mm f/3.5G ED VR será a solução. No entanto há alternativas para fazer fotografia macro mais baratas, como a utilização de tubos de extensão ou aneis de inversão. Sendo uma área de especialidade é difícil justificar o seu custo para alguém que é um iniciado na fotografia.
O custo do pack.
Quem compra uma Nikon D5000 acaba por constatar mais cedo do que queria que o custo do corpo é a parcela pequena do investimento. As lentes são muitas vezes mais caras que corpo. Alternativas baratas não existem (pelo menos com a qualidade desejada) e uma possibilidade é comprar lentes em segunda mão. Há algumas lojas de material fotográfico em segunda mão onde podem encontrar preços mais interessantes.
Tenho recebido algumas questões através do formulário de Contacto pelo que decidi responder por aqui. É mais fácil responder às várias questões num post do que estar a responder individualmente. No entanto eu não sou nenhum especialista sobre tudo pelo que convido os leitores a ajudar através dos comentários. Se houver mais questões talvez isto possa responder regularmente no final de cada mês.
O José Ricardo pergunta:
“Prezado …me informaram que na D90 para se utilizar uma lente 300 mm ela deve ter um estabilizador de imagem? quais lentes mais baratas me indica para a D90 (sigma?)? Obrigado”
A necessidade de com a D90+300mm utilizar uma lente com estabilizador é treta (e não é). Vai depender do que o José fotografar.
Os 300mm na D90 equivalem a uma 450mm. Aplicando uma regra básica de fotografar com uma velocidade igual ou superior à distância focal equivalente, teria que utilizar velocidades de obturador superiores a 1/450. Esta velocidade para fotografia de exteriores com boa iluminação é fácil de conseguir. No entanto a capacidade da lente não vale só pela estabilidade. A abertura máxima também ajuda. Se for uma 300mm f4 vai captar metade da luz de uma 300mm f2.8 pelo que vai precisar de metade da velocidade. Ora é naturalmente em situações difíceis que o estabilizador ajuda… mas tudo isto tem um custo.
Quanto a sugestões sobre lentes 300mm da sigma com OS (o nome que a Sigma dá ao VR)… A sigma tem duas lentes Zoom que talvez lhe possam interessar: a 150-500mm e a 120-400mm, ambas a rondar os 1400€. Tem uma lente mais barata 70mm-300mm a custar perto dos 600€ e claro uma 300mmf2.8 que custa €4000 ou mais… Mas como tudo na vida há preços para tudo. A escolha vai depender sempre do uso que lhe for dar. Uma vista de olhos ao site da Sigma Photo pode ajudar a decidir. Em alternativa pode sempre comprar em segunda mão.
O Pedro Fonseca escreveu:
“Vi que tem uma (ou mais?) flexarets. Eu pedia agora uma emprestada e como ela estava encostada à algum tempo está com bastante pó. Sabe de alguma maneira que dê para remover as objectivas para limpeza ou até mesmo a parte de cima do ecrã para dar uma limpeza?
Já agora mais uma pergunta, o que faz para tirar fotografias com muito sol. Usa um fotómetro de mão? é que 3.5 e uma velocidade de 1/400 não me parecem suficientes. Obrigado”
Nunca tentei remover as objectivas da minha flexaret, mas utilizo normalmente um soprador de ar da Giotto o que permite eliminar muitas poeiras. Quanto a fotografia com a flexaret o ideal é andar com um fotómetro de mão. No entanto é pouco prático e muitas vezes o que faço é utilizar a regra de Sol -> f16 e ajustar a partir daí. Normalmente não falho mais do que 1 stop na minha avaliação e como o filme de preto e branco é bastante tolerável não há muitos problemas. Esta máquina é um pequeno tanque de guerra e se não tiver fugas de luz produz resultados fantásticos.
Estava na dúvida entre a Canon S90 e a Olympus E-PL1. Se a última era mais tentadora por ser micro 43, ter um sensor maior e poder levar outras lentes, a Canon S90 ganhava em tamanho, portabilidade e preço. No final a escolha caiu sobre a S90. Isto não é um review à máquina (há tantas reviews à Canon S90 na net), mas antes uma impressão na primeira pessoa (com algumas fotos à mistura).
Quando se utiliza esta máquina nota-se logo a robustez, o peso e o tamanho. É muito mais leve que o que seria de esperar e o tamanho é efectivamente muito compacto. Mais pequena que a Panasonic LX3!, o que permite andar com esta máquina no bolso das calças. Será mais ou menos to tamanho de um maço de tabaco King Size.
Da Canon S90 já se falou muito do anel em torno da lente que permite controlar algumas funções de fotografia. Juntamente com um dial existente na parte de trás o utilizador mais exigente terá quase tudo o que deseja à mão. Eu pessoalmente utilizo o anel frontal para definir aberturas e o dial traseiro para jogar com a compensação de exposição com a Canon S90 em prioridade à abertura. Outros poderão ter outros interesses.Mas aquilo que mais pode me preocupa nestas máquinas de sensores pequenos é a qualidade de imagem. O sensor da S90 não rivaliza com os irmãos maiores mas foi uma surpresa muito agradável. Como qualquer Canon a S90 não sabe fazer más fotografias a cores em condições diurnas. Aí as cores brilham e a Canon S90 mostra todo o seu esplendor.
O Preto e Branco da Canon S90
Numa máquina compacta é importante que a qualidade das fotografias a preto e branco utilizáveis para publicação imediata[1]. Não há ainda nenhuma máquina que me tenha enchido as medidas neste parâmetro. Talvez seja o processo de conversão nas grelhas dos sensores que produzem a cor, talvez seja o pós processamento que a máquina faz para converter para Jpg. A verdade é que enquanto não houver um fabricante que crie uma máquina BW pura, sem filtros coloridos, e sem filtros anti-aliases, para produzir uma excelente imagem a preto e branco, vou ter esta dúvida.A máquina possui uma função de “auto-contraste” ou se preferirmos contraste inteligente. O objectivo desta função é ajudar principalmente nas situações em que a cena tem muito contraste (sombras e céus por exemplo). Acontece que enquanto a cores este “auto-contraste” faz bem o seu papel, no caso do preto e branco parece-me que comprime o detalhe ao ponto de posteriormente ser necessário fazer alguns ajustes. Felizmente não muitos. Penso que o problema reside em o algoritmo de contraste inteligente ser aplicado aos dados “a cores” antes da conversão para P&B. Isto faz com que se efectivamente for alguém que utilize preferencialmente o P&B talvez opte por desligar o Auto-contraste.A Canon S90 tem muito para dar ao utilizador que a conheça. Não entra na categoria das Point&Shoot. É uma máquina que apesar de ter um modo para “mães”, permite também controlar a forma como a luz vai ser capturada de acordo com a visão do fotógrafo. A sua lente com abertura f2.0 permite começar a fazer brincadeiras que outras compactas não sonham sequer. É um prazer fotografar a f2.0, ter pouca profundidade de campo (para além de ajudar também em fotografias nocturnas) e jogar com a tridimensionalidade da cena em questão, mesmo que que numa compacta haja sempre muita profundidade de campo (o que a torna excelente para street photography).A Canon S90 não é uma máquina perfeita (um “erro” que muito fotógrafos procuram encontrar). É uma máquina com muito carácter (goste-se ou não). É uma máquina que pela sua versatilidade e qualidade de imagem tem feito esquecer muitas vezes a DSLR em casa. Penso que talvez o maior defeito que esta máquina tem é a de ser a primeira versão com a ideia de um anel controlador em torno da lente e ruído que faz a cada click. A meu ver o anel da Canon S90 deveria ser tão silencioso quanto o anel de focagem de uma Nikkor 50mm f1.4 AIS e devia incluir uma patilha como as lentes da Leica para ser operado com o indicador da mão esquerda. É que num corpo tão compacto há alguma dificuldade em perceber como actuar o anel com a mão esquerda para além de se notar e a falta de algum grip para os dedos da mão direita. Detalhes que futuras incarnações desta Canon S90 poderão ser resolvidos.
Concluindo: Vejo muitas vezes que na hora de decidir entre compactas e DSLRs as pessoas acham que maior é melhor. Para muitos fotógrafos provavelmente uma DSLR é overkill para aquilo que vão fazer com a máquina. É normal aparecerem DSLR em segunda mão à venda por pessoas que mal lhes deram uso. Principalmente porque uma DSLR não vai para todo o lado connosco. Enquanto as Micro 43 estão a meio caminho entre as DSLR e a portabilidade, esta Canon S90 é sem dúvida a compacta para andar todos os dias no bolso de um fotógrafo exigente e que poderá devolver a muitos o prazer da fotografia.
1 – Não vou discutir aqui da utilidade de fotografar em RAW vs JPG com máquinas compactas como esta. Se em DSLR se justifica fotografar em RAW, o uso normal de uma máquina compacta como a S90 em que se pretende mais um registo rápido tipo instantâneo, não justifica o tempo perdido posteriormente em conversão / pós-edição / etc.. Se durante o dia a dia encontrar uma situação que beneficie substancialmente de ser fotografada em RAW então essa opção é também muito bem vinda na S90 e está à distância de dois clicks. Para os que dizem necessitar do RAW a tempo inteiro a máquina também permite guardar RAW+JPG e como os cartões hoje em dia são baratos…
É verdade que há a fábrica de Leica Portugal em Famalicão desde 1973 (que aproveitou parte da força operaria da antiga fábrica de relógios Reguladora), mas não estou a falar de uma fábrica! O que seria giro era ter uma dependência Leica Portugal com lojas tipo Apple Store. Poderia ser algo pequenino, mas onde se experimentasse o equipamento, desde a S2 às versões copias Panasonic, passando pela linha rangefinder da Leica (M). Num mundo digital penso que estas lojas poderiam ser um nicho muito interessante para a Leica para cativar novos utilizadores (em vez de apenas dentistas). Cara Leica… que tal uma Leica Portugal?
Agora este pedido traduzido para Alemão:
…. Leica … Portugal …
Eu assumo, não sei alemão e agora tenho que sair para comprar uns livros, mas pensem nisso!