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Conspiração: O caso Maddie é irrelevante!
Há uma coisa que me intriga na publicação do livro sobre o desaparecimento / rapto / homicídio / morte (risquem o que não gostarem) da filha do casal McCann:
Ou o ex-inspector da polícia judiciária Gonçalo Amaral foi afastado do caso por incompetência ou foi afastado do caso por tráfico de influências. E isto é grave em ambos os casos.
No primeiro, tratando-se de incompetência, não se percebe porque agora se daria crédito ao que ele escreve, uma vez que não passariam de rumores fantasiosos sobre o caso. No segundo, esperava-se que o livro revelasse de onde vieram e como foram exercidas as tais pressões. Tratar-se-ia de um livro de denúncia do sistema, pondo a nu os tráficos de influências.
Ora, tal não parece ser o que acontecerá no livro, limitando-se sim a ser um conjunto de opiniões (julgo que os mencionados no livro optarão por colocar a palavra “difamações” aqui) do próprio, nem provando o que aconteceu na realidade (o que revelaria incompetência própria quando lá esteve), nem provando o mau funcionamento do “sistema” (o que provocaria reacções, investigações e mais demissões na judiciária).
As duas possibilidades não são compatíveis uma com a outra. O que o livro sobre os McCann mostra é que um assunto destes pode render dinheiro, muito dinheiro, e que neste verão vamos ver muitas cópias do “Maddie: a Verdade da Mentira” nos areais portugueses. É uma espécie de folhetim, que vai agradar ao coscuvilheiro nacional, que vai poder opinar, discutir e julgar o caso em praça pública mais uma vez. Tudo para sucesso do autor do livro.
Aliás, é bom que venda bastante, porque os processos por difamação devem estar a ser preparados e todos sabemos o quanto custa pagar um advogado hoje em dia.
Espaço: Jupiter contra Ares
Ainda a semana passada a notícia de que o director da NASA reconhecia que a China podia colocar um homem na lua primeiro que os americanos, corria mundo e as equipas que estão a desenvolver os foguetões para levar a NASA à lua entraram em guerras de palavras.
A história é a seguinte. A NASA está a desenvolver o Ares, o novo foguetão que vai lançar a viagem, mas acontece que há um grupo de engenheiros dissidentes que desenvolveu um projecto paralelo, chamado Jupiter e que segundo os próprios permitiria fazer o mesmo gastando menos dinheiro, e antecipando a ida à lua em pelo menos 2 anos (2017).
O que acontece é que o Jupiter é mais ou menos secreto. Os engenheiros que estão a trabalhar nele, recusam-se a falar por temerem ser despedidos. Entretanto os representantes das duas partes acusam a outra de tudo e mais alguma coisa inclusive a equipa da NASA equipara o Jupiter a um projecto que está feito num guardanapo de papel. No entanto o projecto é interessante porque aproveita parte do que já existe para o vaivém, prometendo poupar biliões (americanos, que valem menos que os nossos) de dólares.
Isto mostra que a exploração espacial neste momento está numa encruzilhada. Cada vez mais cara e cada vez mais difícil num tempo em que a ciência é dominada por resultados as eleições de Novembro nos EUA podem ainda alterar o plano de financiamento da NASA. Neste momento a agência espacial parece um barco à deriva. Boa altura para a ESA ganhar terreno, mas os europeus conseguem ser ainda mais indecisos que os americanos.
Refelxão: Devemos desligar as contas do Youtube?
Recentemente a Viacom exigiu ao Google que entregasse ao tribunal para serem analisados os registos dos acessos de todos os seus utilizadores. Ora, acontece que isto coloca uma questão fundamental que é a seguinte. Um tribunal americano, decidiu que os meus dados pessoais, portugueses, que estavam nas mãos de uma companhia americana fossem entregue a outra companhia americana.
Ora eu sei que aceitei os termos de serviço do Youtube, mas quando assinei os tais termos americanos do serviço diziam que iam respeitar a privacidade dos meus dados pessoais. Ora, acontece que tal não aconteceu, porque embora um tribunal americano me mereça respeito, para todos os efeitos não tem jurisdição sobre mim, português. Ou seja, os dados de um cidadão português serão entregues por ordem de um tribunal americano (O Google entretanto conseguiu que os dados fossem anonimizados, mas mesmo assim continuam a ser os meus dados. E se a seguir for pedido o dicionário de anonimização?). Claro que podemos argumentar que o facto de os servidores do Google estarem nos EUA (estarão todos?) para todos os efeitos um registo é como se tivesse sido feito dentro de solo americano. Ora isto é admissível? Para todos os efeitos eu não estou em solo americano, e para além disso quem diz que os servidores utilizados não foram os localizados na Europa. E se sim, estão sobre jurisdição europeia, logo porque pode um tribunal americano exigir os dados? Quem protege a minha confidencialidade?
Quer isto dizer que o Youtube deve criar versões nacionais de todos os serviços que disponibiliza ou quer isto dizer que devia o Youtube bloquear o registo de pessoas não americanas?
Não estou a dizer o que tem que ser feito, mas antes é preciso pensar o que valem as chamadas políticas de privacidade, uma vez que a internet cada vez é menos zona franca e os dados inseridos sob uma política de privacidade de nada valem se as leis de um país particular as subverterem. Aliás é preciso repensar se a internet é a tal zona auto-regulada de todas as liberdades idealizada no princípio, ou então vamos estar cada vez mais sujeitos a “peculiaridades” que irão fechar a net em “netinhas” nacionais para se adequar à especificidade de cada país.
Isto começará com coisas óbvias, como o combate à pedófilia, ou protecção contra nazis ou terrorismo, mas lentamente alargar-se às coisas mais mundanas. O caso da Viacom é por questões de direitos de autor com o único objectivo de tentar provar que o Youtube não faz tudo o que pode para evitar a colocação de material com copyright no seu site. Mas se não houver uma espécie de tratado internacional sobre o estatuto da internet, muito provavelmente estaremos condenados um dia a ser punidos por não lavarmos os dentes à noite.
É irónico que quando se trata de países, cujos governos são conhecidamente anti-democráticos, que mandam bloquear sites, ou domínios por razões políticas, somos os primeiros a condena-los e exigir o fim da censura, quando por cá somos os primeiros a deixar que empresas privadas ditem a mesma censura através dos tribunais, invadindo a privacidade dos utilizadores sem apelo e com a complacência do sistema legislativo.
As empresas aprenderam a utilizar o sistema judicial para imporem as suas vontades e a sua censura. Da próxima vez que se for inscrever num site qualquer, pense duas vezes até que ponto é que os dados que está a inserir são importantes para si!
O que se passa com a NASA?
Já tem dois dias, mas só hoje dei com a notícia na BBC de que o director da NASA assume que a China pode colocar homens na Lua primeiro que os americanos. Mas o mais extraordinário é que para todos os efeitos parece que a exploração da NASA está a ficar para trás em relação a de outros países. O shuttle vai sair de serviço em 2010 e alguma coisa correu mal no planeamento, porque o substituo Orion não estará pronto antes de 2015. Ora durante estes 5 anos a NASA não tem como ir sequer à estação espacial internacional. Tal tarefa ficará exclusivamente para os russos.
Quanto à colocação de homens na Lua, penso que para além do desafio técnico, que permite que um país desenvolva a sua tecnologia, não tem muito interesse e hoje em dia a NASA já provou que os Rovers conseguem ser tão ou mais eficazes que humanos. Mas em todo o caso ultimamente parece que a NASA está a “ficar para trás”. Será o efeito da visão marciana que o George Bush tem da exploração espacial?
JavaScript: The Good Parts! Devo comprar este livro?
Durante muito tempo detestei JavaScript. Os computadores ficavam lentos como tudo e tentar perceber o que estava mal num script de duas linhas era um pesadelo.
A verdade é que os tempos mudaram e hoje em dia o JavaScript é capaz de fazer quase tudo o que se desejar. Por causa disso estava a pensar comprar o livro JavaScript: The Good Parts, mas gostava de saber se algum dos leitores do SPP já o comprou e se vale a pena?
Ou se não acharem que este livro vale a pena, que outros livros avançados de JS me aconselham? Respondam nos comentários ou então entrem em contacto directamente comigo.
Intel lança 2 Centrinos 2…
Finalmente a Intel lançou a plataforma Centrino 2, mas esperem! Não é uma, mas duas plataformas (a consumer e e a vPro) para portáteis. Agora naturalmente foi a versão de 45nm prometendo mais poupanças de energia, mais performance, iada iada iada…
Podiam era mesmo escolher uma nomenclatura que não baralhasse tanto as pessoas…
O governo português quer marcar-nos como quem marca gado!
Foi aprovado em conselho de ministros um decreto de lei que propõe a introdução de um dispositivo electrónico nos automóveis. Assim à semelhança do que se faz com o gado ou com os animais domésticos no veterinário. Algo que o governo quer fazer passar como um grande “upgrade” tecnológico (lê-se na lei) que irá aumentar a segurança rodoviária. A verdade é que tal sistema para além de ser obrigatório vai custar 10 Euros.
Ainda por cima o sistema é pago! É apenas e somente uma forma encapuçada de encaixar mais algum dinheiro (50 Milhões de euros) de forma fácil. Dizem as notícias que o sistema dá para pagar portagens, taxas rodoviárias e afins (leia-se estacionamento). Isto ainda é mais preocupante, porque afinal não serão só as autoridades a ter acesso aos dados, mas pelos vistos empresas privadas também podem ler o chip. E ainda para mais para pagar portagens já há sistemas alternativos em que o utilizador pode ou não optar por utilizar. Chama-se Via Verde. Ou vai o governo pegar nos 50 milhões e indemnizar a Brisa pela perda de receita que ela tinha até agora com as Vias Verdes? Ou será que a Brisa vai ser a concessionada para a produção do aparelho? É que quanto à instalação o governo diz que é obrigatório e para todos, novos e velhos.
Mais, lendo o proposta de lei (213/X) fica-se com a nítida sensação que a questão da segurança rodoviária é passada para segundo plano, porque em lado algum se mostra, ou sugere apenas, as vantagens da sua aplicação. Por outro lado transparece que o verdadeiro sentido do dispositivo electrónico será o de facilitar a vida a empresas de portagens, entidades privadas, que cobrarão taxas de circulação, estacionamento e afins. Aliás, pela redacção do documento, pelos preços vindos a público e explicações dadas, parece-me óbvio quem legislou já tem um modelo de aparelho em vista, uma tecnologia a ser utilizada e uma empresa para a implementar.
Aliás em termos técnicos o lei refere coisas espantosas, como o dispositivo apenas vai transmitir um chave “encriptada” que os agentes de segurança lerão e com ela poderão verificar se a inspecção foi feita, se o seguro está em dia, etc, etc… Ora eu gostava de perceber como é que isso vai acontecer?
Sempre que pagar o seguro, a chave do dispositivo vai ser actualizada? Se fizer a inspecção a chave tem que ser mudada? É que se não tiver e a tal chave apenas identificar um carro, então o as autoridades terão que aceder a esses dados através do acesso uma BD externa. Ora se assim for qual é a diferença entre ler uma chave com um “leitor” electrónico ou meter 6 caracteres no computador de bordo dos carros patrulha? A nossa polícia não é conhecida por ter os melhores meios do mundo, mas agora querem fazer dos agentes burros que nem uma matricula conseguem meter no sistema. Ou seja, as verdadeiras razões para a introdução do chip nos carros estão para além do trabalho dos agentes de segurança.
O governo português não está interessado em resolver o problema da segurança rodoviária. Está simplesmente a procurar implementar mais um sistema de controlo dos cidadãos de Portugal dando a gestão do mesmo a uma empresa privada. Está a criar um sistema em que vai apertando a malha das liberdades e garantias a pretexto da resolução de problemas sentidos por todos. A segurança rodoviária é necessária, naturalmente, mas o que o governo pretende implementar não é mais do que um sistema de vigilância dos hábitos dos utilizadores e que em termos da segurança não é um “upgrade” qualitativo mensurável, quanto mais uma panaceia milagrosa.