A triste Europa e a UE-AAA

Ao ler a notícia de que o presidente do Zimbabwe vem à cimeira UE-África não posso deixar de fazer um reparo.

A Europa tem ainda manias colonialistas e alvoroçou-se com a ideia de organizar uma conferência UE-África, mas depois queria escolher à la Carte até que se lembrou que já não era imperatriz do continente africano. Porra, alguém que avise os governantes europeus que o seu quintal é mais pequeno que o seu ego.

Com isto não quero dizer que ache o senhor Mugabe o que quer que seja. Atenção que eu não estou a defender o senhor Mugabe. Agora se ele é presidente de um país africano não há conferências UE-Africa sem todos estarem presentes e isto inclui mesmo aqueles com quem não concordamos. Ou então andaremos a fazer conferências UE-AAA (Alguns Amigos Africanos).

Hm? Mas afinal não era isto que o Sócrates estava a pensar quando falou numa Conferência UE-África?

Como? diga lá outra vez…

Parece que é preciso andar na universidade para entender o que escrevo por aqui. Sim, sim… mas será que é por isto ser escrito em Português em vez de “Americano”?

Tenho que me deixar destes Quizes…

Jorge Palma esgotado.

Tenho que começar por dizer que gosto muito do Jorge Palma e é naturalmente com muita curiosidade que segui o estrondoso sucesso que ele parece estar a ter no Youtube com o vídeo do último trabalho, mas honestamente… (ou)vi o tema e quase que já estou como o rei de Espanha: Porque não “os” calas? Ou no caso do vídeo “mandas àquela parte que eu cá sei.”

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=Tu9HPz__3ys]

O Jorge Palma é um sobrevivente, é indiscutível, e fez pela vida como ninguém. Contudo este vídeo apesar de meio milhão de visualizações é uma verdadeira tristeza. O Jorge não se importa, mas pessoalmente não suporto aquele desfilar de músicos nacionais, como se prestassem uma homenagem póstuma. O Jorge Palma está vivo e bem vivo. Aliás, a forma como o vídeo é filmado, com a forma como o Rui Reininho é colocado no final e com aquela metáfora Pessoana. É pá, tomara o Jorge Palma ser o Fernando Pessoa em dia mau e tomara o Rui Reininho chegar aos calcanhares do Jorge Palma depois de uma valente cadela.

Pessoalmente não gostei. Percebe-se que este tipo de “homenagens” são feitas porque as produtoras exigem, porque é uma forma de vender música em Portugal e também porque o Jorge Palma não se importa com isto porque se está a cagar para eles todos. O Jorge Palma tem um pouco a mania de ser o Charles Bukowski nacional. Não se importa de fazer o que as editoras mandam para promover o seu trabalho e a sua música. Sim, acho que é um bocado um vendido. Mas na sua perspectiva é-o conscientemente porque no fundo acha que se está a marimbar para eles. (Mas estará?)

Houve um dia há uns anos que estava num shopping da zona de Lisboa quando às 6 da tarde vi que o Jorge Palma ia dar um concerto mesmo ali, no meio da zona de comes e bebes. Tinham instalado um piano e uma zona de mesas “vips”. Fui dar uma volta e quando voltei já o concerto estava a meio, quase no fim… foi coisa de menos de 1 hora. O Jorge estava um pouco acelerado, mas divertido com a sua música. Seria a única coisa que lhe interessava. Mas aquela figura de pateta alegre a tocar sucessos do passado no meio de comes e bebes de um shopping foi a gota de água. Era o Jorge Palma a sobreviver da pior maneira. Quando por fim fez os dois encores obrigatórios, foi finalmente levados por quem o andaria na altura a explorar. Se calhar os mesmos que agora o sentaram à mesa da falsa Brasileira e meteram os súbditos a prestar vassalagem.

Continuo a gostar do Jorge Palma, contudo não tenho paciência para todo o mercantilismo e do culto da pessoa que ele se deixou rodear nos últimos anos. Não interessa. Ele ainda vai nos enterrar a todos e a sorrir ainda por cima.

iPlayer da BBC revisto

Os tipos do TheRegister fizeram um review ao processo monstruoso em que se transformou a construção do iPlayer da BBC.

Não posso estar mais de acordo com o autor, quando refere que a BBC para resolver um problema de arquivo de documentação televisiva errou ao pensar que o resolveria com uma solução para a distribuição dos conteúdos. Nos tempos modernos o modelo de distribuição não é mais decidido pelos donos dos conteúdos, como a BBC ou as editoras de música, mas sim pelo público e pelas startups que aproveitam cada nova tecnologia para levar a esse público os conteúdos. Tentar adivinhar o que o público quer e tentar criar um modelo final de consumo só poderia dar em asneira.

Descubra as diferenças!

O jornal Público reformulou o seu site online e … quando olhei para ele a primeira vez fiquei com a sensação de já ter visto aquele layout.

publicoexpresso.jpg

Fui procurar e não foi preciso muito para ver ali no Expresso exactamente a mesma disposição de conteúdos.

Uma barra de topo identificativa, seguida de duas linhas de links que organizam as várias secções e por fim 3 colunas, com imagem ou vídeo no topo esquerdo…

É pá, que porra de uniformização.

Se por um lado o jornal público tinha feito uma coisa interessante que foi o de assumir a sua identidade ao deixar de redireccionar o www.publico.pt para um subdomínio do sapo ou do clix (coisa que o expresso orgulhosamente faz, como se fosse apenas uma coisa menor do clix, em vez de assumir a sua identidade própria) seria de esperar que agora ao reformular o site continuasse na lógica de assumir a sua identidade, mas pelos vistos acabou por se juntar a uma uniformização generalizada. O site agora parece-me mais confuso e desculpem-me ir pelo caminho do Expresso faz com que eu deixe de ir ao site do público pela mesma razão que já não ia muitas vezes ao do Expresso. Ninguém, pelo menos eu, lê as notícias em 3 colunas tão densas e com letra tão miudinha. Para isso fico-me pelo RSS… mas isto sou eu. Outros podem gostar.

Sim Senhor Juízes, vocês são a nossa maior vergonha.

O público de hoje traz uma notícia revoltante, aliás como costuma ser apanágio nos últimos tempos em Portugal. Segundo o jornal o Tribunal da Relação deu razão à cadeia de Hoteis Sana Hotels no despedimento de um cozinheiro, porque, pasme-se o cozinheiro era portador do vírus da SIDA.

Sim a SIDA, aquela doença transmissível APENAS por relações sexuais não protegidas, via endovenosa ou por via materno-fetal. Claro que isto para os senhores juizes sabem tudo dos tribunais portugueses não quer dizer nada. Importa muito mais os seus medos e crenças judaico-cristãs e vai disto armam-se em purificadores da inquisição.

O tribunal optou por não olhar para dois pareceres científicos, que desmentem os riscos de transmissão do cozinheiro e o tribunal armou-se em produtor de ciência afirmando

“ficou provado que A. é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida”

Ora o tribunal afirmou ainda que o caso em questão “não tinha a ver com os riscos conhecidos de transmissão da doença mas com a possibilidade desses riscos.” Lindo jogo de palavras.

Ou seja o tribunal começou a julgar no reino das possibilidades. Ora no reino das possibilidades o vírus da SIDA pode transmitir-se por via aérea e portanto os senhores juízes que estiveram na mesma sala que o cozinheiro se calhar agora deviam ser despedidos por serem portadores, não? Isto tudo em possibilidade, claro.

Isto é o resultado de uma cultura do medo, do olhar para a sida como se olhava para os doentes de câncro há uns anos. São pessoas que tem a “peçonha” senhores Juízes, e vocês mostraram-no muito bem… Será que os senhores juízes a partir de agora vão apertar a mão na rua a todos os que vos interpelem? Ou há o risco de eventualmente essa pessoa ser portadora de vírus da sida e vão portanto proibir que aperte a mão a alguém?

Não sei se este caso terá ainda recurso para o Supremo, mas que é triste ver isto neste estado é. Será que vamos ter um prós e contras na RTP para que os senhores juízes defendam a vossa integridade superior e o vosso sentido de protectores do estado?

A culpa é da ciência

Tem as costas largas, serve para tapar a hipocrisia dos governos e é um capote que o mundo inteiro não consegue criticar. Assim julgam os Japoneses e matar 1000 baleias até Abril é algo que vai ficar impune, tudo em nome de uma pseudo ciência do prato exótico e do sabor oriental.

Photo @ Michael Dawes

Entre as espécies a abater está a baleia de bossa que já esteve em vias de extinção. Mas enfim… é tudo em nome da ciência e enquanto assim for poderemos continuar todos a dormir descansados enquanto os japoneses continuam a comer baleia, um iguaria por aquelas bandas.