Sondagens: e os partidos pequenos?

Depois de no último post ter mostrado a diferença entre os dois maiores partidos nacionais resta saber o que acontece também com os partidos mais pequenos, no caso CDS, BE e CDU. Nesta guerra da segunda liga da política nacional como é que as sondagens evoluíram ao longo dos últimos 18 meses? A figura seguinte, mostra os resultados da diferença entre CDS e (BE+CDU) ao longo dos últimos 18 meses.

Sondagens-21-abr-2011-cds-be-cdu

Daqui constata-se logo que a soma dos pequenos de esquerda é sempre superior ao pequeno de direita. No entanto as sondagens dão diferenças entre -2% e -13% (novamente com diferentes companhias a dar resultados muito diferentes).

O que surpreende é que o andamento destas sondagens parece andar em contra ciclo em relação às dos dois maiores partidos. Se a “viragem” à direita ou à esquerda fosse algo ideológico seria natural que o andamento das diferenças nos grandes partidos e nos pequenos partidos fosse semelhante. No entanto o que se verifica é exactamente o contrário. Quando o PSD tem vantagem sobre o PS parece antes verificar-se uma fuga de votos do PS para a CDU+BE e de alguma perda de votos do CDS para o PSD. E inversamente quando o PS está a melhor verifica-se o contrário (PSD a perder votos para o CDS e BE+CDU a perderem votos para o PS). Ou seja, não há verdadeiramente mudanças ideológicas.

Mas isto coloca outra questão? Qual é verdadeiramente a transferência de votos dos partidos mais pequenos para os maiores em cada ala do espectro político? Para responder a esta questão então vamos ver PS vs. (BE+CDU) e PSD vs. CDS

sondagens-dependencias-votos-esquerda-direita

Como se pode ver pelo gráfico acima a intenção de  voto no PS não parece tão correlacionada com a soma de intenções de voto no BE+CDU como o PSD com o CDS. Na direita as sondagens parecem mostrar que a votação do PSD está bastante acoplada ao voto no CDS sendo que quando o PSD tem mais intenções de voto o CDS é penalizado e vice versa.

Muitas outras questões se levantam… mas ficam para outra continuação.

 

Sondagens: Diferença entre PSD e PS nos últimos 18 meses.

Diferença PSD-PS Sondagens 21 Abril 2011

Diferença PSD-PS Sondagens 21 Abril 2011

As sondagens para as eleições portuguesas são uma coisa engraçada.

As agências de sondagens nacionais publicam resultados com tal disparidade que, ou os métodos são uma treta, ou estão a tentar influenciar o população (Será?). A verdade é que os resultados podem até ser estatisticamente significativos, mas tal não significa que o método não esteja enviesado. Como John Zaller diz no seu excelente “The Nature and Origins of Mass Opinion”, a forma como os inquéritos são conduzidos, a ordem das perguntas, a sua formulação, tudo influência o resultado final da sondagem de opinião. Isto tem tal impacto que torna estes gráficos praticamente inúteis como retrato real, mas extraordinariamente poderosos como ferramenta para influenciar eles próprios as opiniões dos leitores.

A figura acima mostra a diferença entre PSD e PS nas sondagens dos últimos 18 meses. É curioso verificar que cada empresa de sondagens parece puxar para seu lado, e em alguns casos notam-se flip flops interessantes em relação aos resultados típicos de algumas empresas. O que será que significam? Mudaram de método de repente? Serão outliers? Brevemente voltarei a este assunto… é fascinante olhar para estes dados!

update: actualizei a imagem com os dados da sondagem de hoje da Eurosondagem (Expresso/SIC/RR).

Portuguese or English?

When I first created this blog (first blog post was in October, 2002 ) I decided for a Portuguese only blog. Over time I started writing more in english. By writing in english my blog reaches out to more people. As I started my PhD I felt that the english version should become preponderant, tough I still keep many blog parts in Portuguese. Also, from time to time I turn back to Portuguese and for that I’m sorry to all non-Portuguese readers (You can try to read between the lines with Google Translate).

In the end I chose to write it mainly in english, at least while the PhD isn’t finished, as it helps me organize and share ideas with the network of PhD students around the world.

Obviously comments are welcome and can be in any language you like, although I don’t promise to answer all of them.

Wifi FON_ZON em HTTPS, EeePc e eReaders

Pequenas notas que se vão aprendendo em viagem:

Quase em todo o lado se encontram redes Wifi FON_ZON_INTERNET_FREE. Ora estas, permitem o acesso ao mundo Google sem que seja necessário pagar, utilizar o login da fonera, etc… o que é excelente para ver os emails, ler o reader e até fazer pesquisas na internet.

Isto já é coisa antiga (2008), mas parece que só eu é que não sabia.

O melhor no entanto é que também se pode ver outras coisas como o Youtube. Basta para isso forçar todos os endereços do Youtube a serem abertos em HTTPS e não HTTP. Cool.

Excelente para quando em viagem não tiver outro meio de acesso. Agora só me falta implementar um proxy em cima do Google para ter acesso a tudo utilizando o Google e eventualmente ao Bittorrent… Isso é que seria de génio.

Ainda no que diz respeito ao debate sobre o MacBook Air, posso dizer que o meu EeePC de há 3 anos continua a portar-se lindamente para viajar.

Hoje estava numa explanada e tinha o meu eBook reader pousado em cima da mesa. Posso dizer que chamou à atenção, mais até do que o iPad do miúdo da mesa do lado. Chamou principalmente por parte de quem quer ler livros electrónicos que já sabem o que é um eReader.

Portugal 120 anos depois da bancarrota de 1892

Não é a primeira vez que Portugal se vê nestas alhadas de ter que declarar bancarrota e socorrer-se da ajuda externa. Em 1892 o país teve que estender a mão e declarar uma bancarrota parcial numa crise que se arrastou por mais de 10 anos.

A implementação da República no Brasil em 1889 e a crise do Banco Barings inglês colocou as finanças portuguesas num ponto quase caótico. Portugal começou a recorrer ao empréstimo estrangeiro para assegurar o pagamento do coupon da dívida (e com isso endividando-se mais) mas sem sucesso. Então optou-se por um estratagema de vender a exploração de tabaco por 15 anos perante uma determinada “renda”. A verba anual de 4250 contos foi uma pequena esmola em 1891 e após vários ministros da fazenda que se foram demitindo por impossibilidade de tirar o país do buraco, o ministro da fazenda Oliveira Martins apresentou um orçamento ao parlamento a 13 de Fevereiro de 1892. Neste orçamento propunha um aumento da tributação dos títulos de dívida pública para 30%, dos impostos sobre os ordenados dos funcionários públicos e das corporações administrativas para 12,5%, 15% às contribuições predial, industrial e sumptuária, e 12,6% sobre os rendimentos de rendas de casas. No entanto a comissão da Fazenda limitou estes aumentos de impostos e o ministro demitiu-se em Maio.

A 13 de Junho de 1892 o estado anunciou oficialmente a impossibilidade de pagar os juros da dívida pública e a bancarrota foi declarada e a crise política instalou-se até pelo menos o convénio de 1902 e eventualmente até à implantação da república (18 anos).

No meio desta crise um dos projectos adiados de Portugal foi o do metro de Lisboa. As capitais do mundo estava neste momento a construir os seus metropolitanos. Londres em 1863 foi a primeira, Nova Iorque seguiu-se em 1868, Budapeste e Glasgow em 1897 e Paris em 1898. Em Lisboa a ideia de um metro foi discutida em 1885 por proposta dos engenheiros Costa Lima e Benjamim Cabral. Em 1888 o engenheiro militar Henrique da Lima e Cunha apresentou um projecto à associação de engenharia portuguesa intitulado “Esboço de traçado de um Caminho de Ferro Metropolitano em Lisboa”. Nada disto pode ir avante e foi preciso esperar por 1949 (quase 60 anos) para que o projecto renascesse e foram precisos mais 10 para que no final de 1959 finalmente o metro abrisse as portas com 6,5Km e 11 estações.

A história ensina muito a quem estiver disposto a olhar para ela com cuidado. É fácil ver nesta descrição semelhanças gritantes com algumas coisas que ocorreram nos últimos tempos em Portugal. Desde os projectos megalómanos em que insistimos, aos aumentos de impostos, às demissões e oposições, é possível ver que os tempos que se aproximam não serão fáceis. Infelizmente penso que a crise será longa à semelhança da que aconteceu há 120 anos, o que não quer dizer que tenhamos que ser miserabilistas ou pessimistas sobre o nosso futuro. Os tempos futuros serão de crise, de sacrifícios por vezes até extremos. A história pode dar-nos pistas e também mostrar os erros que fizemos para não os repetir. Infelizmente acho que alguns políticos dormiam nas aulas de história.

Não há ideias originais – ganhar dinheiro com o twitter

O público publicou hoje uma história sobre Timm Sprenger sobre a forma como, utilizando o Twitter, é possível obter informação sobre os mercados financeiros de forma a ganhar ainda mais dinheiro.

Isto faz-me pensar efectivamente que as ideias não nascem em lado nenhum. A sociedade é de tal forma global que as ideias emergem mais ou menos ao mesmo tempo em diversos pontos do planeta. Aqueles que acabam reconhecidos são apenas aqueles que venceram a corrida para colocar primeiro as ideias no mercado primeiro.

Por outro lado podia-se dizer o mesmo do público, já que a notícia foi também na BBC e o público apenas a amplificou/repetiu para Portugal…

Google Irony?

While google is going after the “Like” business of facebook, Microsoft asks the EU to click the “Dislike” button of Monopolies…