Vamos imaginar que você é um fabricante de carros. Uma grande empresa, sem dúvida. Cheio de sucessos no passado, mas que já não tem um carro verdadeiramente inovador há alguns anos. Entretanto o seu último carro, apesar de não ser muito seguro, foi evoluindo e muitos sucateiros fizeram fortuna. As oficinas de reparações adoraram o seu último carro. Você percebe que tem que fazer qualquer coisa importante e mete a equipa de desenvolvimento a trabalhar para reinventar o carro dos carros. O seu novo produto vai ser fascinante. Vai varrer da face da terra todos os outros concorrentes. Só vão haver carros da sua marca. O trabalho decorre como devia, e quando finalmente chega o dia do lançamento faz uma grande conferência de imprensa para apresentar o novo bólide: O carro dos carros, impossível de ter acidentes com ele, impossível de se enganar. Vai ser fantástico.
As especificações do carro? 8 metros de comprimento, 4 toneladas, um motor V12 de 6 litros e um consumo de 35 litros aos cem. Velocidade máxima: 210km/h (um pouco mais rápido que um citadino, mas muito dificilmente chamaríamos a isto um citadino). Sim, as linhas são agradáveis e modernas, mas afinal um pouco semelhantes a alguns carros da concorrência. O preço?… uma exorbitância.
Passados alguns meses depois do lançamento você descobre que as vendas estão muito abaixo das expectativas, é entrevistado por uma revista automóvel e tem que arranjar uma justificação e sai-se com:
“A culpa? A culpa é da chuva… Se houvesse mais chuva havia mais acidentes e podiamos vender mais carros!”
Esta história faz-lhe lembrar alguma coisa? Não? A mim faz.
Se mantivermos a história e se a companhia se chamar Microsoft, então o Vista é o sapo que não vende e a culpa é dos piratas, porque de resto tudo se mantém na mesma. Mas aí se calhar a história já não tem tanta piada como quando se fala de carros.