Sondagens valem o que valem, mas as últimas sondagens mostram que o senador Barack Obama está cada vez mais na frente da corrida para a candidatura democrata. Isto apesar da Hillary Clinton ter reiterado que vai manter-se na corrida até à convenção democrata. A questão que me apetece fazer aqui é: Que é que ela sabe que nós não sabemos? Será que continua a ter o apoio dos superdelegates? Ou será que pode tirar ainda um coelho da cartola como Obama tirou quando fez o discurso sobre a segregação racial nos Estados Unidos?
O grande problema destas eleições é que o assunto fundamental não é a economia, a guerra no iraque ou a crise imobiliária. O grande problema destas eleições é a cisão racial que pode acontecer com a candidatura democrata. Olhando para os resultados conhecidos, verifica-se que os eleitores negros estão do lado de Obama enquanto os hispânicos e brancos estão do lado de Clinton. Inclusive as posições são tão extremadas que os apoiantes de Obama falam em votar McCain caso Clinton ganhe a nomeação. Isto pode ser um barril de pólvora à espera que alguém faça uma faísca.
A meu ver, quanto mais tempo o partido democrata demorar a definir o seu candidato mais potencialmente a cisão racial será visível. Poderá a cisão ser evitada se Clinton desistir proximamente? Penso que não. As eleições americanas de Novembro vão ficar invariavelmente marcadas pela realidade que a América não mais é um país a uma raça. A corrida política vai ajudar a abrir as feridas que o tempo da segregação deixou. A parte boa disso é que o ter que lidar com o problema pode também funcionar como catarse o que será sempre positivo.
Hillary Clinton não deverá anunciar nos próximos dias a desistência, muito provavelmente por uma questão de coerência política com o que tem dito, mas a verdade é que as sondagens já não lhe dão muita margem de manobra e a menos que seja capaz de um volte face de última hora não penso que tenha alternativa, pelo menos mais perto do congresso, a atirar a toalha para o tapete.