O primeiro ministro continua na sua senda de arrogância, que disse ou que não disse, que vai dizendo ou que fica calado. Do alto de um pedestal suportado por um partido de 10% julga-se um D. Sebastião que leva os Portugueses para uma nova batalha de Alcácer Quibir. Sempre como se estivesse a tocar uma flauta mágica e os ratos o seguissem cegamente.
Mas que importa o que diz este primeiro ministro? Se por acaso Portugal entrasse em guerra com algum vizinho e o primeiro ministro fosse apanhado de pantufas, sem ter tempo de dizes “Eu declaro guerra a… X” poderia dizer a seguir que a guerra era uma miragem, ou culpa dos portugueses, que desafiava alguém a procurar quando é que teria ele levado o país para a guerra?
A verdade é que um primeiro ministro tanto é responsável pelo que diz, como pelo que não diz. Ser primeiro ministro não é ser sabugo do estrangeiro enquanto é hostil do nacional. Os portugueses que foram atirados para foram podem, um a um, dizer-lhe, não as palavras que o primeiro ministro diz que não disse, mas o hostilidade que sentem dos governantes portugueses em relação aos nacionais. A hostilidade em relação às ideias produzidas internamente. Os entraves nas coisas mais mundanas para que se possa levar a vida sem controlo. Sem a ameaça constante do estado que trata os nacionais como criminosos. Não há outra ideia de Portugal neste governo que não seja a de um Portugal empregada doméstica do estrangeiro.
Nunca se viu um governo para o qual ser Português significasse tão pouco e onde aquilo que verdadeiramente lhe interessa é popular as nossas cidades de alemães, angolanos ou chineses endinheirados, enquanto aos portugueses é vendida a cantiga de ir conquistar Alcácer Quibir. Com flautas, pandeiros, guitarradas e muita festa.
Não, não me interessa se o primeiro ministro disse ou não disse. A verdade é o êxodo aconteceu, por acção ou inacção. E tudo o resto é conversa fiada e barulho, como se de um bombo de festa se tratasse, que de tanto rufar acaba com a pele rompida, mas onde o rapaz do bombo continua a bater, porque o que importa é fazer barulho, que é festa, que é preciso levar esta gente para Alcácer Quibir contente e sossegada.
10 Junho, Woburn Sands, UK
— David