Ultimamente, parece que o Twitter está finalmente a ser descoberto em Portugal. Mas ao olhar para esta plataforma de micro-blogging descubro que ainda há muitas pessoas que não sabem o que é, nem como a utilizar. Dizem-me que não gostam do twitter, que é muito simples, que não serve para nada.
Outros, acham apenas serve como dump dos posts que fazem nos seus blogs, e alguns acham que o twitter só serve quando fechado e isolado sem partilhar com o mundo exterior o que vão dizendo. E até já há quem ache que o twitter é o repositório da sabedoria internetiana e se dedique a agregar as pérolas de 140 caracteres que por lá vão passando… Não podiam estar mais errados. É verdade que o Twitter pode ser utilizado de muitas maneiras: como um serviço de distribuição de notícias por exemplo como o que fiz para o Público, ou como forma de me avisar que tenho novos jogos de Xadrez para jogar, ou até para ir ouvindo o que se diz na TSF, mas este tipo de utilização é perfeitamente unidireccional.
A grande vantagem do twitter é a interacção permanente. Há um fluxo de mensagens que vão correndo, onde cada um pode participar, entrar na conversa, sair e opinar. Para quem tem um blog, o twitter não é uma extensão do blog, mas pelo contrário pode permitir ao autor uma interacção com as pessoas interessadas no mesmo assunto, em tempo quase real. Se a interacção com o leitor de um blog através dos comentários ou dos emails é muito importante num blog, o twitter pode ser a forma de tornar essa relação mais directa, mais pessoal, com a vantagem de nesse rio de tweets nunca haver propriamente um contacto directo. O twitter está algures entre o Instant Messaging e o Email. O primeiro é demasiado imediato e o segundo muito distante. É aqui que o twitter entra em acção.
Em termos de redes sociais o Twitter permite portanto desenvolvimento de uma rede mais íntima entre produtores e consumidores de conteúdos, através do aumento da interacção das partes, transformando uns nos outros.
Resumindo, quais as principais vantagens do Twitter que quem quiser entrar nele deve ter em atenção?
Satisfação Todos sentem mais cedo ou mais tarde um desejo de se expressar sobre algo e obter uma resposta ou um feedback. O twitter permite-o através desse fluxo contínuo de mensagens cujo tema é decidido comumente.
Proximidade A interacção com o fluxo de mensagens público daqueles que seguimos permite criar uma sensação de proximidade em relação às pessoas. Embora não as conheçamos directamente (a muitas pelo menos) sentimos que de alguma forma elas fazem parte do nosso dia a dia. Estão ali, à distância de uma janela para saber o que opinam, tudo de uma maneira muito mais informal, directa e crua que num blog ou site pessoal.
Colaboração O twitter pode permitir às pessoas colaborarem à distância, permitindo coordenar movimentos, tarefas e até encontros. É uma forma de comunicação assincrona, mas que permite sem dúvida algum trabalho colaborativo.
Abertura Todos podem participar, e a natureza desse rio de informação é propícia a que a informação seja disponibilizada abertamente. Naturalmente não é o canal para partilhar números de cartão de crédito, mas é a sua natureza aberta que atrairá outros a participar dos mesmos temas. Daí que seja tão importante a interacção. Se o processo for apenas unidireccional está a ser terrivelmente subaproveitado.
Partilha O twitter permite rapidamente a partilha de opiniões, links, ou endereços para coisas interessantes que não iriam chegar a ser publicadas noutra plataforma, mas que desta forma entram no fluxo de mensagens e que rapidamente podem chegar a pessoas interessadas no mesmo assunto.
Mobilidade A limitação dos 140 caracteres por mensagem é na prática uma vantagem. Isto porque permite que o Twitter seja móvel. O twitter pode ser utilizado através do site via um browser, através do de software específico para o seu computador, através do sistema de Instant Messenger que tem instalado (por ex. o Google Talk) e através do telemóvel através de SMS. Pode-se “Twittar” a partir de qualquer lado, e chegar a qualquer lado.
Concluindo, o micro-blogging permite acima de tudo que se construam redes de proximidade muito fortes. Permite uma troca de mensagens quasi-sincronas mas com o buffer de tempo necessário para filtrar o que se quer e o que não se quer consumir. Por outro lado a sua mobilidade permite que a participação digital dos intervenientes se afaste do PC e seja levada para outras plataformas. É mais uma forma de as pessoas estarem sempre perto, mesmo quando não tem um computador.
Olhar para o twitter como um parente pobre dos blogs é ser reducionista ao ponto da cegueira. O twitter exige participação. É um processo de duas vias e quem quiser participar não pode apenas escolher uma. (Ou retirar coisas do twitter, ou despejar coisas no twitter). O Ou não funciona. Tem que fazer as duas, tem que ser “E“. Colocar coisas no rio de mensagens, participar E retirar informação de lá. Só dessa interacção pode compreender o twitter e perceber o seu potencial.
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