Primeiro que tudo tenho que avisar que eu não vejo televisão. Tenho uma, de 15″ que só tem os 4 canais nacionais de sinal aberto (e depende da orientação da antena interior apanhá-los em condições). Televisão esta que só é ligada esporadicamente pelo que não serei a pessoa mais indicada para falar de televisão.
Aquilo que mais me tem espantado ultimamente a propósito da abertura do espectro televisivo a mais um canal de sinal aberto é a crítica que alguns fazem ao facto de se abrir mais um canal dizendo que vai dar cabo do dinheiro da publicidade para os outros, para os jornais, para o seu bolso… Ou então porque mais um canal vai ter a mesma falta de qualidade, as mesmas novelas brasileiras de qualidade duvidosa ou os mesmos reality shows de má qualidade confirmada.
O que me choca é que esta atitude é a assunção de que mais canais irão induzir menos variedade na programação. Presumo então que estas pessoas são as mesmas que defendem que em Portugal não deve haver televisão privada. Aliás, o ideal seria mesmo acabar com todos os canais menos 1? E este 1? Como seria escolhido? É que com um canal apenas não haveria problemas de partilhas do dinheiro da publicidade. O bolo era todo para esse e o país era uma maravilha…. desde que esse canal passa-se o que esses críticos acham que é a televisão perfeita (a junção das palavras televisão e perfeita é um paradoxo que os tais comentadores parecem não compreender, mas isto levava-nos para outros planos de discussão).
Por outro lado no cabo proliferam os canais. Há-os de todos os tipos e gostos. Basta juntar 3 amigos para decidirem abrir um canal novo sobre alguma coisa. E onde está a qualidade da TV? Não quero imaginar a falta de qualidade que estes canais devem ter porque afinal ultrapassaram o número mágico dos 4… Ou será que são alimentados apenas pelas subscrições? Vamos também acabar com a TV por cabo? E já agora a TV por satélite? E que tal acabar mesmo com todos os dispositivos de TV existentes e vamos todos voltar a ler livros? (Livros, para quem não sabe, é uma coisa feita a partir de um derivado de árvore, cola e tinta que serve para cansar os olhos)
Claro que o culpado destas parvoíces é velho hábito português de nos comportarmos como velhos do Restelo do Camões e dizermos mal de tudo o que mexa na no status quo da nossa chafarica. Com essa lógica da “cultura de estupidez” conseguimos ser ouvidos e, pasme-se, respeitados…