É o fim do Google Reader a capitulação do Google?

Esta vai ser longa, preparem-se

Google Reade Cancelled

Ontem, depois da copiosa derrota do Vitor Pereira na Champions, começaram a cair tweets sobre o anúncio do Google de que no dia 1 de Julho irá fechar o Google Reader. Fiquei pasmado. É normal que o google faça algumas limpezas de Primavera, mas normalmente o que acontece é serem aplicações Beta, ou features que se encontram duplicadas no ecossistema Google e onde as alternativas são melhores. Agora em relação ao Google Reader duvido que tal seja a situação. O Google argumenta que o produto tem vindo a perder utilizadores, mas desconfio que o número não é tão marginal assim. Para além disso não há uma alternativa credível.

Mas deixem-me ponderar aqui um alternativa especulativa. O RSS não interessa mais ao Google. As últimas tendências mostram que as companhias querem controlar cada vez mais a forma como os conteúdos são mostrados/consumidos aos/pelos utilizadores.

  • O Twitter por exemplo, está a limitar as aplicações externas e as próprias estão a ser terminadas. O Tweetdeck vai desaparecer para se focar só nas aplicações próprias. Não é que o HTML e CSS vão ser exclusivos do Browser, até porque a aplicação oficial do Twitter utiliza HTML e CSS, mas agora o Twitter controla a forma como os conteúdos são consumidos (e monetizados). Para além disso vejam o que o Twitter fez os links de RSS na pagina dos utilizadores! Conseguem encontrar? Desapareceram.

  • O Facebook sempre foi conhecido por ser um silo fechado de conteúdos, que só podem ser consumidos da forma que o Facebook pretende (e monetiza e forma máxima). RSS? O que é isso?

  • O Firefox eliminou já há bastante tempo o ícone de RSS que aparecia na barra de endereço e que permitia subscrever o feed. E trocou-o por um sub menu escondido e mais difícil de encontrar.

  • A Apple nunca gostou de mostrar o conteúdo do RSS original aos utilizadores optando por um leitor próprio no Safari que mostrava conteúdos parciais.

  • Parecemos estar perante uma certa aversão a formas diferentes de distribuição de conteúdos. Um tique muito característico da industria do papel e do vinil. Basta ver a defesa do Tim Berners-Lee pela inclusão de DRM no HTML5 (mais um que capitulou).

O que levará estas companhias a não gostar do RSS, quando são os publishers a publicá-los?

A verdade é que os RSS não são monetizaveis, o Google tentou por exemplo colocar publicidade adsense nos RSS mas quem experimentou verificou que o número de cliques era diminuto. E sem cliques o Google não ganha dinheiro.

Mais recentemente o Google meteu-se em processos na Europa por parte das editoras de jornais que argumentam que o Google deve pagar pelos excertos das notícias que publica nos resultados de pesquisa e no Google News. E o pior é que nessas batalhas o Google perdeu (ou chegou a um acordo extra judicial), abrindo um precedente para outras situações.

Penso que esta decisão do Google de acabar com o Google Reader poderá ser uma antecipação a uma possível mudança das lutas sobre distribuição de conteúdos para o da monetizaçao que o o google faz no Reader (lembrem-se que o Reader tem publicidade) e da qual os editores não vêem cheta.

A meu ver isto não passa por falta de utilizadores, mas antes por uma decisão estratégica de fugir a um modelo de internet aberta e interconectada e passar a um modelo de silos de conteúdo onde os providers mais do que quererem passar a informação, querem garantir que controlam a forma, o quando e o quanto recebem por esses conteúdos.

As consequências imediatas

Há uma máxima na internet que diz, se não controlas o alojamento dos conteúdos estás lixado, podes é não sabê-lo ainda. Infelizmente no caso do Google Reader isto mostra-me que não posso mais confiar nos serviços que o Google disponibiliza(va). E são vários:

  • Gmail

  • Greader

  • Calendar

  • Google Docs

  • FeedBurner

  • Picasa

  • G+

  • Blogger

Assim para já o importante é migrar do Google Reader. Provavelmente vou regressar a um leitor de RSS tipo NetNewsWire ou Vienna

O primeiro passo é exportar o ficheiro OPML. Isto é algo que antigamente era fácil de fazer mas que agora o Google decidiu também encobrir através do seu Google Takeout. Ora agora o que se consegue é um ficheiro XML com as subscrições que o Vienna importa facilmente. Para além disso o Download do Takeout também inclui ficheiros JSON dos subscritores, followers, das notas, dos shared etc, mas penso que isto servirá apenas para os mais geeks. O utilizador comum do Google Reader precisa apenas do ficheiro subscriptions.xml

Conclusão

O que será que o Google vai fechar a seguir, por ser pouco lucrativo, ter poucos utilizadores ou só porque é Primavera e andar com uns óculos (monóculo) pirosos é que é fixe?

Eu vou começar a reduzir a minha dependência do Google para coisas self-hosted. A mais difícil é o email, porque é uma chatice, o GReader vai para o Vienna (para já). O Picasa e o G+ são irrelevantes e são substituídos pelo Flickr e Twitter. O Blogger também é simples. Já há algum tempo que estou tentado a migrar os meus blogs para jekyll e por isso parece-me que esta será a altura. O Google Docs vai ser substituído por uma pasta própria na minha Dropbox. Azar Google. O Calendar pode ser substituído por Remember the Milk e o que me falta pensar é o que fazer em relação ao Feedburner… mas não é problemático.

O Google decidiu capitular da Web e dar um tiro no pé com o fim do Google Reader. Quem quiser que se meta na frente da bala. Os outros respondam com os vossos pés, pateiem e abandonem esta sala de Operetas.

Is RSS really Dead?

Almost every modern website uses RSS feeds to deliver content to users. But, in the time of social networks is RSS still really the way to push information to readers?

RSS is a big technology as it allows people to subscribe to content and then read it latter in their readers, maybe offline or in another terminal. The problem is that this technology is being replaced with faster mediums. Social networks are to blame in part for this, for example twitter even made everything fit into 140 characters. To write a blog post with more than 300 words has become the exception rather than the rule, and the majority of sites try to deliver information fast and in a continuous stream of small consumable snippets.

It’s fast food time in the interwebs and no one seems to care.

In this context, RSS that once allowed you to get the information you wanted in a longer and probably well organised application, is now being declared dead. RSS is not natural for 140 character long messages (although twitter as RSS feeds for their users). It was invented for longer conversations and readings. It even managed to be used to send large media files to users, as in Podcasts (are these also dead?).

But, although RSS is great, it seems that it is fading into the background. It’s being used more and more as data exchange mechanism. A way for your website to send information to Google or Bing rather that to your users. Google even suggests adding your RSS feed as the sitemap file in their website. During some time microformats were what every body was talking about, but as very few standards were defined, microformats never really got into mainstream websites, and for all practical uses RSS is/was the workhorse of data sharing.

Although invisible to most users, RSS still is around (even if I removed the subscribe RSS button from the top right you can still access it).

The news that Bloglines (one of the first online RSS aggregators where you could read news from your favorite sites) was closing, made a stir around the webs as people suddenly realised how dependent they are of this technology. Luckily, Ask.com agreed with MerchantCircle to keep Bloglines active as a recognition of its importance even if the glory days of Bloglines are now past (at least while google reader is dominating the market and the next big thing doesn’t show up).

In the RSS world there was a time of feast that passed. That time was the time of multiple reader applications and strong development. When it was found that there was no business model for RSS and Google Reader became dominant, RSS faded into it’s secondary passive role. It’s probably one of the most used pieces of technologies around and one that people rely on transparently. This will make keep it alive.

I bet it will survive these strange times of junk food and fast driving.

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