Tenho que começar por dizer que gosto muito do Jorge Palma e é naturalmente com muita curiosidade que segui o estrondoso sucesso que ele parece estar a ter no Youtube com o vídeo do último trabalho, mas honestamente… (ou)vi o tema e quase que já estou como o rei de Espanha: Porque não “os” calas? Ou no caso do vídeo “mandas àquela parte que eu cá sei.”
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=Tu9HPz__3ys]
O Jorge Palma é um sobrevivente, é indiscutível, e fez pela vida como ninguém. Contudo este vídeo apesar de meio milhão de visualizações é uma verdadeira tristeza. O Jorge não se importa, mas pessoalmente não suporto aquele desfilar de músicos nacionais, como se prestassem uma homenagem póstuma. O Jorge Palma está vivo e bem vivo. Aliás, a forma como o vídeo é filmado, com a forma como o Rui Reininho é colocado no final e com aquela metáfora Pessoana. É pá, tomara o Jorge Palma ser o Fernando Pessoa em dia mau e tomara o Rui Reininho chegar aos calcanhares do Jorge Palma depois de uma valente cadela.
Pessoalmente não gostei. Percebe-se que este tipo de “homenagens” são feitas porque as produtoras exigem, porque é uma forma de vender música em Portugal e também porque o Jorge Palma não se importa com isto porque se está a cagar para eles todos. O Jorge Palma tem um pouco a mania de ser o Charles Bukowski nacional. Não se importa de fazer o que as editoras mandam para promover o seu trabalho e a sua música. Sim, acho que é um bocado um vendido. Mas na sua perspectiva é-o conscientemente porque no fundo acha que se está a marimbar para eles. (Mas estará?)
Houve um dia há uns anos que estava num shopping da zona de Lisboa quando às 6 da tarde vi que o Jorge Palma ia dar um concerto mesmo ali, no meio da zona de comes e bebes. Tinham instalado um piano e uma zona de mesas “vips”. Fui dar uma volta e quando voltei já o concerto estava a meio, quase no fim… foi coisa de menos de 1 hora. O Jorge estava um pouco acelerado, mas divertido com a sua música. Seria a única coisa que lhe interessava. Mas aquela figura de pateta alegre a tocar sucessos do passado no meio de comes e bebes de um shopping foi a gota de água. Era o Jorge Palma a sobreviver da pior maneira. Quando por fim fez os dois encores obrigatórios, foi finalmente levados por quem o andaria na altura a explorar. Se calhar os mesmos que agora o sentaram à mesa da falsa Brasileira e meteram os súbditos a prestar vassalagem.
Continuo a gostar do Jorge Palma, contudo não tenho paciência para todo o mercantilismo e do culto da pessoa que ele se deixou rodear nos últimos anos. Não interessa. Ele ainda vai nos enterrar a todos e a sorrir ainda por cima.