O Expresso decidiu lançar um jornal novo, diário e vespertino. A verdade é que não passa de um embuste para cobrar mais por conteúdos, que são todos chamados a partir de uma app em JavaScript de forma a que os motores de busca os não possam ler e dessa forma não os possam indexar. A app não tem um fallback para browsers de texto ou sem Javascript e retirando-lhe a folha de estilos verifica-se uma total ignorância da hierarquia semântica que uma página web deve ter.
De uma só penada o Expresso Diário quer criar uma paywall, ignorar a existência de um mundo exterior ao do grupo Impresa, ignorar as práticas da WWW (porventura pretende até reinventar uma à sua medida), fechar-se num silo, e conseguir ainda por cima cobrar por isso (PARECE A APPLE, NÃO?).
A ideia do vespertino é algo que qualquer outro jornal pode fazer. Imaginem outro jornal com tradição e experiência na publicação diária a publicar o “Jornal das 6” com os conteúdos curados ao longo do dia para fazer uma edição coerente do que mais importante aconteceu? Não dá muito trabalho e certamente seria um local de eleição para ler as notícias no fim de um dia de trabalho! (Ah, esperem, é por isso que existem feeds RSS e sites como o scoop.it e afins).
Mas num qualquer jornal que queira ir mais longe, pode até ter um processo editorial baseado em padrões de conectividade das notícias e no comportamento dos utilizadores ao longo do dia (Eu até fiz um doutoramento sobre o assunto, pelo que não deve ser muito difícil). E a partir desses padrões de connectividade fazer um jornal semi-curado que uma pequena equipa acabaria de editar.
Mas esperem, se calhar em vez de vespertino até podiam fazer um jornal vespertino, mas a todas as horas? Ou todos os minutos? Bem, se calhar é isso mesmo que os jornais online são agora. Faltará talvez a parte do processo de curar o conteúdo de forma mais coerente.
Mas mais uma vez o que falta mesmo é alguém querer fazê-lo (e ter coragem para) sem levantar mais uma paywall, criar silos de conteúdos e quebrar princípios básicos de funcionamento de um mundo conectado da qual a internet depende.
Bem, oportunidade perdida, MOVE ON.