Lisboa-Dakar cancelado

Dakar By antspin at flickr Photo © antspin

E mais uma vez a cultura do medo venceu. A possibilidade de ataques terroristas levou a direcção da prova a optar pelo cancelamento do rali o que mais uma vez vem provar que estamos a perder a guerra contra o terrorismo.

A economia, a segurança, o trabalho e até o desporto estão agora pendentes das vontades destruidoras de um punhado de pessoas. As causas do terrorismo não são para aqui chamadas, mas a verdade é que vivemos hoje sob essa ameaça latente que nos impele a olhar por cima do ombro a cada instante e a desconfiar do nosso maior amigo.

Hoje é mais um episódio triste dessa guerra que vamos perdendo todos os dias.

Ainda sobre o trânsito

Ontem falei aqui da proposta de de se colocar autocolantes nos carros das pessoas. Medida que parece ser mais uma forma de mostrar serviço sem afectar verdadeiramente a vida das mesmas e de dar dinheiro a uma empresa de algum amigo de alguém do governo pelo estudo. Mas para ironia no mesmo dia aconteceu um acidente gravíssimo junto aos barcos no Terreiro do Paço.

Naturalmente hoje o público faz notícia do mesmo e não pude deixar de reparar numa caixa de destaque em que se diz que uma forma de garantir a segurança dos peões é criar zonas de 30km/h e mexer nos sistemas de semáforos. Ora, 30km/h? e porque não 25? ou 10? Aliás, seja 30 km/h ou 90 km/h o que é que interessa se o condutor não os respeitar? O acidente de ontem aconteceu porque a condutora não respeitou as condições de circulação para a zona, logo de que adiantava a proibição de 30Km/h?

Embora não goste da ideia, a meu ver a única solução para locais sensíveis passa por aquilo que os brasileiros tem e abusam nas suas estradas. Os chamados quebra mola, em locais de muitos peões como o do terreiro do paço onde aconteceu este acidente, seriam eficazes. É um sistema de lombas que efectivamente obriga a reduzir a velocidade e permitiria evitar esta demagogia do “agora alteram-se os limites” que na prática não impede que eu ande a 130 km/h naquela avenida e que continuemos a ter estas notícias nos jornais.

Ainda sobre o trânsito

De eléctrico em Lisboa

De eléctrico em LisboaSegundo o Sol, o Fórum Cidadania Lisboa (FCL) defende a reintrodução dos eléctricos em Lisboa. Defendem que os amarelos (embora também hajam noutras cores) são amigos do ambiente e que as linhas são menos dispendiosas.

Pediram também que a linha 24 fosse reaberta entre o Carmo e Campolide.

Penso que as linhas de eléctrico a manter terão que ser feitas com carruagens modernas para serem utilizáveis como meio de transporte regular. É uma questão de querermos ser desenvolvidos ou apenas uns patetas parolos.

No caso das linhas de Turismo, aí sim, os eléctricos podem e até tem a sua piada serem antigos. Mas neste caso não acho que as linhas possam pretender ser uma alternativa viável para o utilizador de automóvel, como a associação pretende fazer passar. Aliás, penso que as linhas de turismo, sendo tão específicas não deviam sequer cobrar bilhete. As pessoas deveriam poder entrar e sair como e quando lhes apetecesse.

As linhas de turismo teriam que ser encaradas como um investimento da autarquia na promoção da cidade evitando ao turista toda a chatice de perceber como funcionam os bilhetes, comprar bilhetes numa língua estrangeira, ou perceber os trocos do Euro. Os eléctricos antigos, e já agora os elevadores, seriam eventualmente “pagos” por publicidade dirigida ao turista, por exemplo casinos ou hotéis.

Penso que seria a forma mais interessante de dinamizar os eléctricos e claro que se as pessoas da cidade os utilizassem, tanto melhor.

Agora considerar que os eléctricos antigos podem ser uma alternativa moderna para o transporte urbano diário, mostra que esta ideia não veio de quem os utiliza regularmente. Os eléctricos antigos são giros, mas ficam a desejar muito ao conforto e quem se sentou naquelas tábuas duras num dia de inverno sabe-o muito bem. O sacrifício feito por um turista numa viagem eventual, em que procura o “típico”, não é o mesmo que o utente que o utiliza diariamente.

Em todo o caso seria giro ver o 24 de novo a circular.

E saí o cartaz do Gato Fedorento

Estamos num país onde os brandos costumes são prática corrente e onde a indignação e manifestação pública são consideradas exageradas.

É surpreendente a forma como a câmara de Lisboa aceita pacificamente o cartaz do PNR, mas quando os Gatos se manifestaram contra o mesmo e diga-se de forma genial, a câmara rapidamente se prontificou a retirar o cartaz do marquês. Mostra bem o respeito que se tem pela opinião das pessoas, que pelos vistos não vale nada, mas por outro lado se se for um partido… (aliás será que o PNR tem tantos membros quantos os 4 gatos?)

Os políticos portugueses vivem com uma noção muito errada da realidade. Vivem num casulo de poder e aplicam as suas ditadurinhas conforme os gostos. Em todo o caso já se percebe que depois do programa sobre Salazar, o próximo programa dos gatos vai ter alguma rábula sobre o Carmona Rodrigues num escadote a tentar retirar o cartaz dos gatos fedorentos.