O futuro do livro – eBook vs papel

Ebook vs Livro
Parece simples: o livro não tem como combater o mundo de possibilidades dos monitores. A conclusão é de Philip Roth, o mais importante escritor americano da actualidade, que vaticina a morte do livro nas próximas décadas. Mas será o futuro assim tão negro? É concebível que num espaço de 20 anos os livros se convertam em relíquias e cedam o seu espaço aos eBooks?via Sentido dos Livros: Em discussão: O futuro do livro – eBook vs papel.

Li esta “postada” sobre o futuro do livro de papel. Tenho a dizer que não acredito que o formato eletrónico (eBook, audiobook, ou outro a inventar) destrone alguma vez o formato de papel. O livro em papel tem características únicas, como permitir manusear o livro fisicament. Eu dobro as folhas, eu escrevo nas páginas para tirar apontamentos, eu desenho imagens que o livro me faz associar a uma passagem. Todas estas coisas não são possíveis no livro eletrónico (ebook) ainda.

No entanto eu adoro eBooks

Não sou fanático do livro de papel. O ebook é muito conveniente. Adoro ter um dicionário sempre à mão. Adoro ter uma loja online que me permite comprar um ebook no instante em que alguém me sugere uma leitura. Adoro o tamanho reduzido com que se leva uma biblioteca inteira connosco (e para quem viaja muito como eu, todo o peso que se pode retirar da mala é precioso). À medida que a tecnologia E-Ink vai melhorando e que os ecrãs retro-iluminados vão entrando no terreno dos retina displays, mais a plataforma ebook ganhará mercado e com isso muitos argumentarão com o fim do livro de papel.

A meu ver o livro de papel não será extinto e continuará a ter uma utilização preferêncial. O ónus da mudança estará nos editores que têm que deixar de ser uma indústria que abate árvores para fazer papel, para se transformar numa indústria que serve livros aos leitores (independente do formato por estes escolhido ser papel ou ebook).

Tal como o vinil que nunca desapareceu da música ou o negativo da fotografia, o papel será também uma presença no futuro da edição de livros. As proporções essas é que serão diferentes daquilo que se verifica hoje.

O progresso é inevitável, a escolha do livro eletrónico faz todo o sentido a um pensamento racional, é sustentável (que palavra horrível). O ebook é económico (embora muitas editoras continuem a cobrar o mesmo pelas versões eletrónicas com medo de ficar com stocks de livros de papel por vender) e é prático. Não tem as características do papel que de forma saudosista muitos adoram (eu incluído), mas penso que é uma força que seguirá em frente e que dominará o mercado. Matará o ebook o papel? Não o fará nos próximos 50 anos certamente, mas será dominante.

Dia mundial do livro (electrónico?)

Cartaz Feira do Livro Madrid

Cartaz Feira do Livro Madrid a começar a 28 de Maio

Hoje celebra-se o dia mundial do livro e do direito de autor. Acontece que este dia não tem muitos motivos para festejar. Não que haja problemas com a parte “Dia Mundial do Livro”, mas antes com a parte “direito de autor”. Quando em 1995 a UNESCO fundou este dia, estávamos numa época onde a Web dava os primeiros passos, a aldeia global não mais era do que um conjunto de universidades e uns quantos malucos pendurados em modems de 14400 bauds – hm… 95 seria talvez um motorola 33.6Kbps, mas adiante.

O dia mundial do livro devia ser positivamente desacoplado desta fantasia que é o direito de autor (nos termos da actual generalidade das leis sobre a matéria). O livro, que com o Kindle e mais recentemente com o iPad adquiriu o estatuto de pleno direito nos formatos electrónicos, não merece estar preso a peias de legislações ultrapassadas.

Veja-se o quão actual está esta apresentação de Larry Lessig nas Ted Talks de 2007. O direito de autor é uma questão ao nível do direito de propriedade e como Lessig explica, está neste momento a prejudicar a inovação, a criatividade e no fundo a beleza de viver no mundo do século XXI.

O Livro. A ideia do local onde a imaginação vai para lá da realidade, onde tudo é possível e onde não há fronteiras está infelizmente associada neste dia com a ideia de uma visão de propriedade intelectual que muito deixa a desejar numa sociedade moderna e de futuro. A primeira década do século XXI foi a década da perseguição e do esmagar da criatividade. Esperemos que os próximos 10 anos sejam os da abertura e inovação.

A propósito, já leu um livro hoje?

As minhas últimas aquisições para comemorar o dia do livro aqui no sixhat pirate parts:

Lakatos, Imre – História da Ciência e Suas Reconstruções Racionais.
Lakatos, Imre – Falsificação e Metodologia dos Programas de Investigação Científica.

Feira do Livro, afinal há!

Segundo a notícia do Público a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) consegui resolver os imbróglios com o aspecto das tascas e marcou a data de abertura da feira do livro.

Assim a partir do próximo sábado e até 15 de Junho é altura ir ao fundo da carteira e comprar com preços de feira. Uma boa notícia sem dúvida.