Normalmente não ando muito de transportes públicos (prefiro andar a pé) mas de todos o que mais utilizo é o metro. Há uns tempos os bilhetes de metro simples foram substituídos por um cartão recarregável que evita o gasto de papel. Ora aqui está uma boa ideia, pensei eu. Uma coisa inteligente.
Ontem, contudo a opinião que tinha desta medida mudou. Porquê? Porque os tipos do metropolitano de Lisboa decidiram passar a cobrar pelo cartão recarregável. Ao ir apanhar o metro cheguei à máquina e pedi um bilhete simples de 1 zona. O preço que apareceu 1,25€ Como? Pagar o cartão? Lembrei-me que tinha um cartão desses de uns dias antes (que foi de graça) e pensei… “Deixa lá ver como é que isto funciona, e já agora vamos lá carregar isto com 10 viagens”… Ora segui as instruções do ecrã e no momento em que escolhi carregar 10 viagens… NADA. Dois clicks e um clack vindos da ranhura onde o cartão estava inserido e o ecrã voltava ao ecrã inicial sem sequer se dar uma INFORMAÇÃO ÚTIL sobre o erro ocorrido.
Por esta altura estava já a pensar se me iam obrigar a comprar um bilhete de metro por 1,25€…
Voltei a tentar mais uma ou duas vezes… Sempre o mesmo resultado. IMPOSSÍVEL carregar o cartão com 10 viagens. Lá optei por tentar carregar apenas com 1 viagem… Click Clack… e a máquina dignou-se pedir-me o dinheiro do bilhete… 0,75€. Finalmente. Mas em todo o caso de cada vez que andar de metro vou ter que carregar 1 bilhete de cada vez… MUITO OBRIGADO, senhores do METRO.
Depois na emocionante viagem que fiz de metro pus-me a pensar ainda outra coisa: Pode o Metro cobrar pelo cartão? É que se a EDP deixou de poder cobrar pelo aluguer do contador, porque é que este cartão é diferente? No fundo o cartão é apenas o CONTADOR de viagens! É algo que faz parte da infra-estrutura e que por si não fornece um serviço ao cliente. O cartão em si mesmo não presta um serviço, não tem utilidade nenhuma porque o cartão em si não é um bilhete.
Parece-me pois que o custo deste cartão deveria ser suportado PELO METRO e não pelo cliente. Qualquer dia para andar de metro temos que comprar para além do título de transporte uma carruagem, alugar motoristas, e trazer uma pá para cavar o túnel.
O site do METRO tenta passar a ideia de que o preço do cartão não é problema porque é rapidamente recuperado pelo utilizador do mesmo. Ora a questão aqui não são os 50 cêntimos, mas sim o princípio. O princípio de obrigar o cliente a pagar algo extra para além do título de viagem, algo que até agora não existia parece-me que poderá ser semelhante ao que se passa com o caso dos contadores e parece-me profundamente errado, sejam 50 cêntimos ou 5000€.
Para além disso imagine-se alguém que vá utilizar 1 única vez o metro. Em termos efectivos esta pessoa tem um aumento do custo da viagem de 66% e desculparem-se que este valor será menor se a pessoa utilizar o metro muitas vezes… UM GAJO PODE NÃO QUERER UTILIZAR O METRO NOVAMENTE, SÓ QUERER 1 VIAGEM, SEI LÁ, PORQUE TALVEZ VIVA NOUTRO PAÍS E PENSE NÃO VOLTAR A LISBOA?
Senhores do Metro, vão fazer alguma coisa? Claro que não, porque são um belo de um MONOPÓLIO e tem que pagar o custo das inundações no Terreiro do Paço. Por isso inventaram uma bela forma de aumentar os preços dos bilhetes e angariar mais uns trocos. Para além de que o sistema não funciona nas máquinas de venda automática para carregar 10 viagens (Ou se calhar não houve dinheiro para verificar o novo software) e nem se digna a dar informações.
E já agora: Quem foi a besta que fez o design deste cartão que se esqueceu de mostrar como inserir correctamente o mesmo na máquina? É que design não é “embelezar” o produto, mas pronto.