É muito bom ver a Microsoft a entrar neste mercado, apesar de continuar a achar que a Microsoft tem um problema com o seu mercado alvo. Quer por força entrar no consumer electronics mas sem assustar o enterprise business e penso que as duas áreas são inconciliáveis no longo prazo. Veja-se o que aconteceu com a IBM que a dada altura teve que abandonar o Personal Computer para ficar com o Enterprise Computer.
Voltando ao Zune Surface. O nome é infeliz, porque imediatamente fica associado ao Surface mesa.
O facto de ser um tablet Intel é positivo (principalmente para a Intel), apesar de para já o único modelo mostrado ser a versão ARM. Isto leva-me ao ponto seguinte.
A Microsoft tem que parar de fazer meios lançamentos! O Surface não é consensual, principalmente porque chega ao mercado dos tablets com 2 anos de atraso (o iPad vai já na sua 3ª geração). Ao chegar tão atrasado a Microsoft não pode NÃO anunciar datas de lançamento e NÃO anunciar preços. Na área de consumer electronics isto é totalmente inadmissível. Uma data e um preço comete aqueles que ficaram convencidos na apresentação a comprar e a entusiasmar-se com o produto. Sem datas e sem preços (um vago competitivo no segmento não é bom) este Zune Surface arrisca-se a ser rapidamente esquecido e ultrapassado por fabricantes chineses. Assim, o Suface é um não produto.
Uma ideia que me ocorreu sobre este produto é perceber até que ponto a Microsoft quer lançar um tablet, ou foi forçada a produzir um por coreanos e chineses estarem a optar por tablets Android. E o Surface é a forma da Microsoft preencher o vazio com uma presença forte, que pode agora atrair novamente outras marcas para licenciamento do Windows 8.
Gosto particularmente da interface do Windows 8, sem procurar criar efeitos cromados, tridimensionais que se vêem nos outros tablets. Uma nova perspectiva em termos de design é sempre bem vinda, mas penso que a Microsoft tem que pensar claramente alguns aspectos de usabilidade dos seus produtos. A Microsoft assume muitas vezes coisas sobre o comportamento dos utilizadores, como por exemplo a remoção da palavra Start, assumindo que “toda a gente sabe que é ali que se acede aos programas”. Não é assim tão óbvio e numa mudança radical de design é necessário que tudo seja claro tanto para o utilizador que chega pela primeira vez à plataforma, como para o veterano “que sabe que é ali que o Start devia estar”.
Quando o Microsoft Surface chegar ao mercado é necessário que o seja a um preço certo, que a meu ver não tem que competir com outros Androids, mas sim com o iPad e tem que ser disponibilizado globalmente, para gerar momento. Caso contrário arrisca-se a ser visto apenas nas mãos de delegados de propaganda médica, cujas direcções forçaram a utilização dos Surfaces aos vendedores.