Ainda sobre o Tibete

A tocha olímpica anda a passear pelo mundo dos protestos. Vale a pena continuar a teimar em levar uma tocha que ninguém quer, excepto o comité olímpico, a uns jogos que todos os políticos envergonhados não vão assistir por causa dos compromissos de calendário e onde os atletas se arriscam a ser vistos como “peseteiros” em busca de dinheiro dos patrocínios?

Eles acham que sim… mas no Tibete apenas vão ver as balas da polícia chinesa.

E a última sobre o assunto é que o Tibete não é caso para se falar ou pensar. O Comité Olímpico, essa organização tão humana, avisou que qualquer atleta que leve uma bandeira do Tibete e a mostre, mesmo que seja dentro do seu quarto do aldeamento olímpico, será expulso dos Jogos ao abrigo das leis anti-propaganda.

A hipocrisia e a China

200px-Beijing2008GamesOverlogo.jpg A 5 meses dos jogos Olímpicos de Pequim, podem os atletas continuar a hipocrisia em que os comités olimpicos nacionais os colocam? Querem os atletas ficar com o sangue do tibete nas suas mãos?

As últimas notícias que tem vindo da China são bastante preocupantes no que diz respeito ao que se está a passar no Tibete. O tecto do mundo foi anexado pela china em 1951 num tratado que previa uma grande autonomia da região, algo que nunca se veio a verificar.

Entretanto a 5 meses do jogos Olímpicos os protestos tibetanos contra a presença chinesa resultaram numa repressão maciça das autoridades chinesas, respondendo com munições vivas e provocando feridos e mortos. O Tibete está em tumulto. Está um verdadeiro estado de guerra. O Dalai Lama já veio pedir uma investigação internacional urgente ao que chama de genocídio cultural do tibete.

Ao mesmo tempo, o ocidente e os comités olímpicos que daqui a 5 meses tem que enviar atletas para a China, fecham os olhos, escudam-se no argumento que o desporto é independente de questões políticas e acham que não tem por isso qualquer responsabilidade social.

É mentira. Todos tem uma responsabilidade social. Até o mais independente jornalista num cenário de guerra a dada altura vai ter que tomar um partido, por muito pequeno que seja.

Os atletas não são diferentes e enquanto quiserem continuar atirar para os olhos do público a ideia de que são independentes das questões políticas, estão a ser hipocritas.

Os atletas que forem à China, ficarão com as mãos manchadas de sangue tibetano. As suas medalhas não serão mais de ouro, prata e bronze, mas sim de suor, lágrimas e carne humana. É urgente que tomem uma posição para forçar a China a respeitar os direitos humanos e os direitos do Tibete.

Ver: In the Field: CNN Linha Directa – Record Youtube Bloqueado na China Dalai Lama Calls For Tibet Probe