“O Tratado de Lisboa morreu. Como o próprio presidente da Comissão Europeia repetiu à exaustão, não há plano B”,
As opiniões do Miguel Portas costumam ser certeiras apesar de por vezes serem vistas por quem lê como demasiado inflamadas. No entanto, desta vez não foram os bloquistas a provocar a hecatombe do tratado de Lisboa. Foram os irlandeses e agora é preciso ter cuidado com o que se vai fazer a seguir, nomeadamente é preciso que os políticos percebam que não podem fazer as políticas sem os cidadãos. Disse ainda o MP:
“há, na Europa, um fosso crescente entre as opiniões públicas e as lideranças políticas. É este divórcio que é preciso resolver. Qualquer opção que, em nome da eficácia de decisão, diminua a democracia e assalte autoritariamente as regras por todos aceites, é um erro e uma irresponsabilidade de consequências incalculáveis”
Por outro lado a recente declaração de Durão Barroso anunciando que o processo de rectificação deve continuar nos restantes países é uma anedota, porque inútil. O sucesso do nosso PM com o tal tratado de Lisboa foi por um cano e a alternativa europeia no plano mundial está mais uma vez adiada, porque se tenta construir uma Europa baseada fundamentalmente em relações económicas e não em relações sociais humanistas e na riqueza multi-cultural da Europa.
Não há na cabeça dos dirigentes europeus uma ideia de Europa, principalmente porque se limitam a idealizar essa Europa apenas como o somatório das partes. A única forma de um dia se construir uma Europa unida passará pela noção de que é muito mais que esse somatório simplista. Uma Europa a existir tem que incluir os cidadãos, fazendo-os participativos, e tem que ser capaz de contar com as opiniões dos povos.
Se teimarem em não ouvir as pessoas a Europa continuará de Não em Não, boicotando o seu futuro.