O Não!

“O Tratado de Lisboa morreu. Como o próprio presidente da Comissão Europeia repetiu à exaustão, não há plano B”,

As opiniões do Miguel Portas costumam ser certeiras apesar de por vezes serem vistas por quem lê como demasiado inflamadas. No entanto, desta vez não foram os bloquistas a provocar a hecatombe do tratado de Lisboa. Foram os irlandeses e agora é preciso ter cuidado com o que se vai fazer a seguir, nomeadamente é preciso que os políticos percebam que não podem fazer as políticas sem os cidadãos. Disse ainda o MP:

“há, na Europa, um fosso crescente entre as opiniões públicas e as lideranças políticas. É este divórcio que é preciso resolver. Qualquer opção que, em nome da eficácia de decisão, diminua a democracia e assalte autoritariamente as regras por todos aceites, é um erro e uma irresponsabilidade de consequências incalculáveis”

Por outro lado a recente declaração de Durão Barroso anunciando que o processo de rectificação deve continuar nos restantes países é uma anedota, porque inútil. O sucesso do nosso PM com o tal tratado de Lisboa foi por um cano e a alternativa europeia no plano mundial está mais uma vez adiada, porque se tenta construir uma Europa baseada fundamentalmente em relações económicas e não em relações sociais humanistas e na riqueza multi-cultural da Europa.

Não há na cabeça dos dirigentes europeus uma ideia de Europa, principalmente porque se limitam a idealizar essa Europa apenas como o somatório das partes. A única forma de um dia se construir uma Europa unida passará pela noção de que é muito mais que esse somatório simplista. Uma Europa a existir tem que incluir os cidadãos, fazendo-os participativos, e tem que ser capaz de contar com as opiniões dos povos.

Se teimarem em não ouvir as pessoas a Europa continuará de Não em Não, boicotando o seu futuro.

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É hoje, segundo rezam as crónicas da manhã, que a Europa vai assinar a constituição europeia, ups… tratado constitucional… ups… tratado reformador, (não queremos ter aqui confusões de palavras).

O problema? Qual problema? Não há problema! Basta pegar na caneta e colocar o seu nome ali no pontilhado. Nós tratamos do resto.

Se se perguntar às pessoas o que sabem deste tratado, 90% não sabe nada. Dos restantes iluminados fica-se a saber que é um tratado muito confuso e que não dá para explicar porque é uma GRANDE colagem (tipo manta de retalhos).

Ora fico muito mais esclarecido.

Quando a Europa caminha para uma organização/estado/império (meta aqui o que quiser) na qual os seus cidadãos já pouco se revêm e agora não compreendem (mesmo que tentem, porque não há quem explique), parece-me presunçoso dizer que este é um marco histórico decisivo para o futuro da Europa. Pelo menos para um futuro auspicioso.

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(Assine no pontilhado, de preferência com uma cruz)