Censura ao Wikileaks. Saiu cara a brincadeira…

Depois de uma grande parte da internet se ter revoltado e falado da tentativa do banco Julius Baer de silenciar o site de fugas de informação Wikileaks a coisa parece estar a rebentar na cara do dito banco. A blogosfera pegou no assunto, a imprensa (NYT) também e agora o que acontece?

A verdade é que a tentativa de silenciar as fugas de informação através do tribunal revelou-se desastrosa para o banco, que estava em vias de lançar uma IPO (Initial Public Offering) ou lançamento em bolsa (como cá se faz). Naturalmente que o Banco não gostou que a suspeita de que os seus rendimentos vinham de lavagem de dinheiro sujo surgisse tão em cima do acontecimento, mas a verdade é que com a censura conseguiram fazer exactamente o contrário. Todos os olhos estão agora em cima do banco e os seus negócios vão ser escrutinados ao pormenor pela entidade reguladora. Chama-se a isto … Ok. Vocês sabem.

Ainda para mais, segundo David Ardia do Projecto “Citizen Media Law” de Harvard, a decisão do Juiz pode ser inconstitucional uma vez que não há justificação para ordenar o desligar de todo o site, sendo muito mais natural apenas o ordenar de retirar apenas o material respeitante ao banco. Por outro lado uma ordem mais restrita como essa seria facilmente disputada em tribunal.

Ainda caricato e provando que há quem tome decisões sem saber o que faz, o tribunal depois de proibir que o domínio do wikileaks resolvesse para o respectivo IP(88.80.13.160) ainda ordenou que a ordem do tribunal juntamente com o processo fossem enviadas por email para o Wikileaks… algo que não seria possível pois o tribunal tinha ordenado a retirada do ar do site.

Isto vai dar ainda pano para mangas… por isso há que estar atento.

Atenção. Este post é TOP SECRET.

Foto de inju

Um tribunal Californiano ordenou que o site WikiLeaks dedicado a fugas de informação anónimas fosse desligado fazendo estalar a controvérsia. Mas não foi só isto. O WikiLeaks, que é um site dos mesmos fundadores do PirateBay, passou pelas passas do Algarve.

Primeiro, um fogo no datacenter onde está alojado colocou offline o site durante Sábado. Para além disso, momentos antes do fogo, o site foi alvo de um ataque de 500Mbps de DDoS (Distributed Denial of Service).

E para finalizar um banco Suíço meteu uma providência cautelar num tribunal da Califórnia depois de umas centenas de documentos terem surgido relatando as actividades do banco em actividades Off-Shore.

O Tribunal ordenou à Dynadot, empresa registrar do site, para remover todos os traços possíveis do site dos seus servidores e obrigou a que o domínio wikileaks.org deixasse de resolver para o IP (http://88.80.13.160/wiki/Wikileaks) e fosse para a página de Park.

Contudo, os autores do site, precavendo-se contra a possibilidade de ficar sem o domínio, criaram ao longo do tempo uma rede de domínios que permitem continuar a aceder ao site. Assim, se tiver uma informação quente que quiser passar para o público, pode continuar a fazê-lo nomeadamente através de wikileaks.be.

Ora, vamos ao que interessa. Censura. Poderia o tribunal americano fazer o que fez? Não sei, não conheço a lei americana, mas pelo que li a medida pode ser anti-constitucional. Segundo. O tribunal não ouviu os donos do site, limitando-se a informá-los por email com algumas horas de antecedência, o que impediu a sua presença no tribunal. Terceiro, isto tudo está a parecer uma trapalhada e um complôt mas pior é que esta medida é mais uma das muitas que ultimamente se tem vindo a tomar para tentar controlar a internet e que mais uma vez merecem a reprovação e o olhar crítico sério sobre o que se vai passando no mundo sob o risco de um destes dias “valer tudo” e os direitos de informação mais básicos serem cerceados por processos “político-administrativos”.