Sendo o Xadrez um desporto com uma senhora idade é estranho que não haja na internet mais informação sobre este desporto em Português. Será que somos um país da bisca e pouco mais?
É pena que o site não esteja mais adequado à Internet moderna, limitando-se a disponibilizar a informação em ficheiros PDFs por diferentes períodos.
Uma outra coisa que este site também não cobre é a cultura do Xadrez que não de competição. Era um jogo que era praticado em Portugal? Jogava-se na corte? Há registos em cartas ou documentos descritivos dos usos e costumes onde o jogo apareça referenciado? Alguém tem conhecimento da existência de alguma publicação que faça o retrato do jogo de Xadrez na sociedade Portuguesa ao longo da história?
update (26 Oct 2015): o link para o site http://historiadoxadrez.net/ parece não estar a funcionar pelo que troquei-o pelo link para o wayback machine do archive.org.
Começo por dizer que sou um verdadeiro nabiço a jogar Xadrez. Faço asneiras a cada 5 jogadas (daquelas mesmo más que dão mate logo a seguir ao adversário) e o conhecimento teórico que tenho não é muito aprofundado, até porque o tempo escasseia. No entanto, o Xadrez tem em mim um fascínio de longa data.
O jogo foi-me ensinado pelo meu pai durante a minha juventude, teria talvez uns 10/12 anos e rapidamente se tornou o ponto de batalhas entre mim e o meu irmão. Depois houve um tempo que caiu no esquecimento, principalmente pela falta de adversários com quem jogar. Nunca fui federado ou pertenci a algum clube pelo que encontrar pessoas que também gostem do jogo é algo complicado! Perguntem a alguém o que é uma tomada en passant e logo verão a cara de atónito que quase todos fazem. Nos últimos 5 / 7 anos retomei o jogo com o advento dos sites de Xadrez online, principalmente na modalidade por correspondência. Nada oficial, nada sério, apenas para entretenimento e aprendizagem.
No entanto há um pormenor que me tem preocupado ultimamente nos jogos de Xadrez que vou disputando. Tem a ver com o rácio de satisfação que se obtém do jogo em sí. Se os adversários que encontramos são de um nível muito inferior, os massacres são uma chatice. Se somos nós quem tem por outro lado o pescoço na guilhotina constantemente, então também não há gozo nenhum. A minha questão tem a ver com qual é o nível dos adversários que se deve procurar? A resposta óbvia de “alguém do nosso nível” tem algo mais que se lhe diga que é como é que nós sabemos qual é o nosso nível? Vamos subindo o nível dos nossos adversários até em média ganharmos metade dos jogos? Há algum teste que diga “você é nível 1600”. E naturalmente a mesma questão coloca-se relativamente aos nossos adversários.
O problema fundamental tem a ver com o facto de muitos sites onde se joga Xadrez atribuirem um ranking à semelhança de uma classificação ELO, mas este valor é pouco fiável (a meu ver o único fiável é mesmo o ranking oficial via jogos precensiais, mas isso implica estar federado, pertencer a um clube… ou seja… Xadrez de competição) por causa de batotas, de volatilidade de membros, etc… Então a questão é: Como é que em Xadrez de Lazer uma pessoa pode encontrar os adversários com níveis certos para se tirar o maior satisfação do jogo, quando por vezes encontrar alguém com quem jogar é já uma tarefa difícil?
Surgiu mais uma e-zine (um formato que me é muito querido e que está para os blogs na direcção oposta à do twitter), neste caso uma e-zine sobre Xadrez! Intitula-se Chess Chek e promete trazer as actualidades do mundo do Xadrez. A capa do número zero foi para Levon Aronian, o jogador Arménio que tão bem tem jogados nos últimos meses.
(por falar em E-zines, tenho uma para editar que já devia ter saído no fim do mês passado!)
[ad#ad-1]Já não me lembro do post em que encontrei a ligação para estes canais Xadrez no Youtube. De todos os que estavam listados seleccionei estes porque os achei bastante interessantes. O meu nível de jogo é muito baixo, mas efectivamente assistir a jogos comentados pelos jogadores de topo onde eles vão explicando as suas ideias é uma excelente forma de aprender, mesmo que nunca venhamos a ser tão bons quanto eles e nunca se sabe quando é que vai conseguir vencer o Bogeyman
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A indústria da música, como de costume, é perfeita, não faz asneiras. O seu modelo de negócio foi estabelecido no tempo dos gramofones e não precisa de mudar. A AFP (associação fonográfica portuguesa) descobriu que em 2008 a venda de música em Portugal caiu 11,5% e imediatamente veio para a imprensa culpar a “pirataria” esse monstro de costas largas que serve para amparar as asneiras e mentiras da indústria.
Diz o director da AFP que a crise da música está directamente relacionada com a pirataria da música na Internet. COMO? Onde é que o senhor fundamentou esta opinião? Pode mostrar os estudos que imputam a diminuição de vendas com o aumento da pirataria? Aliás, certamente não leu / ouviu um estudo dos hábitos do consumidor feito pelo Grupo NPD em que as conclusões são simplesmente diferentes ou o artigo do The Guardian em 2008 que mostra que a música pirateada na internet é uma fracção da música pirateada[1b]:
Mais, diz ainda “Há gerações que não compram música, só fazem downloads pela Internet e há um trabalho que está por fazer”. O senhor deve saber mais do que nós. Primeiro utiliza GERAÇÕES, no plural como se todos os que conhecemos, desde o meu avô de 95 anos ao meu gato fossem bandidos. Pode indicar estudos que mostrem a estratificação por idades (já que fala em gerações) daqueles que fazem pirataria? E como o senhor não fez o trabalho de casa não sabe de estudos que dizem exactamente coisas como: “digital music sales will grow at a compound annual growth rate of 23% over the next five years”[1a]
Mas acham que acaba aqui? Logo a seguir diz com toda a autoridade que a presidência de uma associação lhe dá: “É muito difícil o iTunes conseguir singrar se num site ao lado um mesmo álbum for disponibilizado gratuitamente.” COMO? O que sabe o senhor da AFP que o presidente da Apple não sabe? É que olhando para o que saiu nos últimos anos em termos de vendas é, só para exemplificar:
2005 – iTunes storms into top 10 music sales chart [1]
2005 – iTunes scores 80 per cent of UK downloads [2]
2006 – “revenue on iTunes soared by 84%. In addition, the number of transactions jumped 67%, and the amount spent per transaction was up 10%.”[3]
2007 – “The iTunes service wields incredible power in the music business, since it accounts for more than 76 percent of digital music sales. And its influence is on the rise: Apple recently passed Amazon to become the third-biggest seller of music over all, behind Wal-Mart and Best Buy, according to the market research firm NPD.”[4]
2007 – iTunes Music Store—songs sold
Launch: April 28, 2003
25 million songs: Dec. 15, 2003
“Over” 70 million songs: April 28, 2004
100 million songs: July 12, 2004
150 million songs: Oct. 15, 2004
200 million songs: Dec. 16, 2004
250 million songs: Jan. 24, 2005 (50 million in 38 days)
300 million songs: March 2, 2005 (50 million in 36 days)
350 million songs: April 13, 2005 (50 million in 41 days)
400 million songs: May 9, 2005 (50 million in 30 days) 500 million songs: July 5, 2005 (100 million in 57 days)
“Over” 600 million songs: Oct. 25, 2005 (“over” 100 million in 112 days)
850 million songs: Jan. 10, 2006 (250 million in 76 days)
1 billion songs: Feb. 22, 2006 (150 million in 42 days)
1.5 billion songs: Oct. 26, 2006 (500 million in 246 days)
2 billion songs: Jan. 9, 2007 (500 million in 80 days)
2.5 billion songs: April 1, 2007 (500 million in 82 days) [5]
2008 – iTunes Records a Sales Milestone – Apple Inc. has surpassed Wal-Mart to become America’s No. 1 music store, the first time that a seller of digital downloads has ever beaten the big CD retailers. [6]
A verdade é que estes links e sites mostram um cenário muito diferente daquele que o presidente da AFP quer fazer passar. O problema não é achar que a pirataria é má. Todos achamos e seria óptimo que houvesse um mundo onde não existisse, de qualquer tipo, mas a verdade está na forma como a indústria se tem comportado. A indústria acha que “tem direito” a vender todos os anos mais. A indústria acha que quando o seu modelo de negócio está a falhar, em vez de perceber porque perdeu 20 milhões de compradores de CDs (nos EUA e que não foram para outros meios), é mais fácil atirar a culpa para um lado obscuro e ilegal chamado pirataria digital. A AFP não quer acabar com a pirataria. A AFP quer apenas receber mais dinheiro. O dinheiro que ela acha que tem direito segundo um modelo de negócio que as pessoas cada vez menos querem. E pior que tudo o resto é que vem para uma imprensa acrítica que lhes dá voz sem fazer um pouco de investigação. Como o que é dito vem de uma “associação” deve ser verdade! E basta colocar o que a pessoa disse entre aspas para que a imprensa se escuse a fazer um pouco de investigação.
A estratégia da AFP é clara. Criar um panorama negro, irreal, de forma a que futuramente legislação que garanta a perpetuação do seu negócio falhado, seja aprovada. Ainda por cima não se coíbe de acusar tudo e todos, inclusive de inventar factos no que diz respeito ao iTunes para tentar justificar o seu ponto de vista. Já o vimos no passado com tantas outra medidas e polémicas. Infelizmente é pena que assim seja.
Começam a chegar a este lado do atlântico os frutos de Porto Alegre. Tudo começou no(a) Cardosonline em 1998 e depois disso foi uma bola de neve. Para lá do marasmo conservador que habitualmente se lê na chafarica, fomos ao ao outro lado BEBER um pouco da irreverência e originalidade que por cá faltava.